segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Por trás daquele beijo

O que ocorre com o corpo e a mente em um dos gestos mais complexos do ser humano

“Tudo começa num beijo. Nós nascemos do primeiro beijo de nossos pais, e a lembrança mais antiga que todo mundo guarda é dos beijos carinhosos da própria mãe. Dentre todos os beijos que passam por nós depois disso, nenhum parece mais intenso do que o primeiro beijo romântico.” Com essa definição, a canadense Julie Enfield, autora de A História Íntima do Beijo (Ed. Matrix), contextualiza a importância de um gesto que, de tão singelo, parece inerente ao ser humano: os lábios se tocam e, assim, transmitem o mais alto grau de intimidade e afeto. Em pleno Dia dos Namorados, nada melhor do que falar sobre ele.

Num universo de diferentes culturas e épocas, o beijo assume um forte papel social, capaz de influenciar diretamente comportamentos e artes. Desde uma expressão de carinho e afeição a um gesto de respeito e fé, mas muitas vezes ligado a amor e paixão, o gesto tem papel tanto social quanto afetivo. As pessoas beijam os filhos antes de dormir, conhecidos ao se despedirem, amores ao se encontrarem e mesmo ícones religiosos em devoção. Está presente na história da humanidade, em diversas culturas e com diferentes significados.

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, encontra no primeiro contato do ser humano, durante a amamentação, a origem do beijo. Na antropologia, a resposta está na derivação de prática ancestral da pré-mastigação, a transferência de alimento macio e mastigado de uma pessoa a outra, normalmente da mãe para o filho. As reflexões sobre esse carinho induziram até a uma ciência: a filematogia.

O beijo mexe com hormônios e enzimas, desperta reações no corpo e faz florescer sentimentos que oscilam entre lascívia e ternura. Na mente, é interpretado como um dos gestos mais complexos do ser humano, como lembra o psicólogo Thiago de Almeida, especialista em relacionamentos amorosos pela Universidade de São Paulo (USP).

– Se Da Vinci definiu os olhos como janela da alma, podemos avaliar o beijo como a senha para acessar o amor do outro – compara.

Quando beijamos, explica ele, uma descarga de substâncias neurotransmissoras inunda o cérebro, dando o torpor do prazer. É o que rouba o chão dos apaixonados e os motiva a tomar atitudes impulsivas em nome do amor. Cria ligações entre casais, motiva a apostar em novas relações. Como cita Julie Enfield no livro, beijos são como impressões digitais: podem até ser comparáveis entre si, mas cada indivíduo tem uma forma única de beijar.

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