domingo, 2 de março de 2014

Destinos não carnavalescos e retiros são opções para quem foge da folia

Cerca de 80% dos pacotes turísticos vendidos no Brasil são para lugares não carnavalescos\", contabiliza o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem

02 de março de 2014 | 5h 18

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  • PrintMarina Azaredo - O Estado de S. Paulo
Nada de marchinha, escola de samba ou abadá. Neste carnaval, a produtora cultural Bebel Abreu, de 34 anos, decidiu fugir da folia e "ficar fazendo nada" com mais 14 amigos em um sítio em Gonçalves, interior de Minas Gerais. "Estou em um momento da minha vida que não cabe curtir o Carnaval", diz ela, que está terminando uma tese de mestrado.
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A designer Bebel Abreu fugiu do carnaval e foi para o interior de Minas - Filipe Araujo/Estadão
Filipe Araujo/Estadão
A designer Bebel Abreu fugiu do carnaval e foi para o interior de Minas
Mas nem sempre foi assim. Carnavalesca convicta, Bebel é até fundadora de um bloco de rua de São Paulo, o Trema na Linguiça, que costuma sair fora de época. "Eu tenho um histórico carnavalesco. Adoro fazer fantasias, essas coisas. Mas este ano estou precisando caminhar, curtir as cachoeiras e a companhia dos amigos", conta.
Assim como Bebel, por um motivo ou por outro, muita gente costuma fugir da folia nos dias de Carnaval. "A maioria das pessoas viaja para destinos que não são famosos pelo seu Carnaval. Cerca de 80% dos pacotes turísticos vendidos no Brasil são para lugares não carnavalescos", contabiliza Antonio Azevedo, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem.
De acordo com ele, os destinos preferidos são praias do nordeste, como Porto de Galinhas (PE) e Fortaleza (CE), mas há também grande procura por Foz do Iguaçu (PR), pela Serra Gaúcha e pelas praias de Santa Catarina. No interior de São Paulo, atraem muitos visitantes as regiões de Atibaia, Brotas e Campos do Jordão.
Em Brotas, conhecida pelo turismo de aventura, 85% da rede hoteleira já estava reservada na quinta-feira. "Até temos uma programação de Carnaval na cidade, mas o nosso turismo nessa época é mais de fuga da festa. O pessoal vem para cá para curtir a natureza e praticar esportes", diz a secretária de Turismo do município, Luciana Pires de Jesus.
De acordo com ela, a estimativa é de receber de 10 mil a 15 mil visitantes nos dias de carnaval, sendo 62% oriundos do interior paulista. "O pessoal está desistindo de atravessar o interior para ir para a praia e prefere vir para cá", conta. Pelos cálculos da secretaria, o turismo no carnaval deve injetar R$ 5 milhões na cidade de pouco mais de 20 mil habitantes.
Retiros. Para quem quer ficar ainda mais distante do Carnaval, muitas vezes apenas ir para um destino "não-carnavalesco" não é o suficiente. É o caso da arquiteta Paula Mattar, de 47 anos, que no domingo vai para um retiro em Itacaré, na Bahia, onde fará atividades que envolvem yoga, arte e música. "Não sou muito do ziriguidum. Aproveito a semana do Carnaval para recarregar. E começar o ano ticando alguns itens daquela listinha da virada: fazer sempre algo diferente, meditar mais, praticar yoga e ver o sol nascer", diz.
No Hotel Spa Holístico Ponto de Luz, que fica em Joanópolis a 135 quilômetros de São Paulo, dois terços das 90 vagas para o retiro de Carnaval já estavam reservadas no início desta semana. Lá os hóspedes farão atividades como curso de meditação das rosas e iniciação ao reiki. Contrariando a origem do Carnaval, a festa em que excessos eram permitidos, carnes e bebidas alcoólicas são vetadas.
No Espaço Holístico Corpo e Mente, que fica na Serra do Cipó, a 80 quilômetros de Belo Horizonte, as regras também são rígidas. Além do veto à carne e ao álcool, os hóspedes têm de usar uma túnica durante o retiro. "A ideia é que ninguém fique mais bem vestido. Isso evita que surjam desníveis nacionais, porque o objetivo é que todos sejam iguais durante os dias que ficamos no espaço holístico", explica Sonia Cunha, coordenadora do retiro. A filosofia é espírita kardecista, mas ela garante que ninguém é obrigado a participar das atividades. "Muitas pessoas vêm apenas para descansar", afirma.
De acordo com o psicólogo especialista em relacionamentos Thiago de Almeida, nem todo mundo é contagiado pelo clima carnavalesco que toma conta dos meios de comunicação, das conversas entre amigos e das redes sociais. "A confraternização depende do referencial que a pessoa tem. Muita gente prefere aproveitar o momento para refletir sobre a sua experiência na Terra e aproveitar o momento para se revigorar. Hoje cada um estabelece seu próprio significado para o carnaval", explica.

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