terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Namoro moderno : Os relacionamentos a um clique de distância. Como a turma com mais de 50 namora hoje?

Ah, o namoro! Antigamente era necessário um verdadeiro ritual até o homem aproximar-se da mulher, tocá-la e, muito depois, conseguir dar o primeiro beijo. Hoje, o ritual de aproximação ainda existe, mas a velocidade e a forma de se relacionar mudaram bastante. A maior independência das mulheres, a diminuição dos preconceitos e o advento da internet contribuíram para a mudança de comportamento da sociedade em torno do que antes era tão trabalhoso. E agora, como funciona o namoro moderno para quem já passou dos 50?
Quem namorou nas décadas de 1950, 1960 e 1970 fica pasmo com as mudanças que ocorreram no namoro de lá pra cá. O psicólogo e especialista em relacionamentos amorosos Thiago de Almeida diz que "o namoro passou por muitas fases e elas foram influenciadas pela época histórico-social em que o namoro ocorreu. Antes, o namoro começava nas pracinhas, em frente à igreja, e demorava até o rapaz sentir abertura para se aproximar da moça. As saídas do casal eram supervisionadas por alguém da família, inclusive quando consistia em apenas ficar sentado na sala. As mudanças que vemos hoje na forma de se namorar acompanharam a tendência do tempo".
Hoje, conhecer um novo parceiro está a dois cliques de distância – tanto para chegar quanto para ir embora. Para a mestre em Psicologia na área de estudo das subjetividades Noeli Godoy, "com o passar do tempo, as relações humanas, os encontros entre as pessoas, se tornaram cada vez mais superficiais. Antigamente, as pessoas procuravam conhecer uns aos outros antes do relacionamento. Com as tecnologias, os relacionamentos são mais fluidos e os encontros são mais superficiais. Com o clique do mouse, hoje, marca-se um encontro. As coisas tomaram uma velocidade tão grande que a superficialidade das relações aumentou na mesma proporção. Não se conhece mais tão bem o outro".
O advento do feminismo na década de 1970, o surgimento da internet e a revolução dos costumes também mudou bastante a forma de se namorar. "Os casamentos que ocorreram nas décadas de 1950 até 1970 têm durabilidade maior do que os que ocorreram nas décadas seguintes. A tolerância entre o casal era maior. Hoje, fica mais difícil tolerar o erro de uma pessoa que não se conhece direito. Antes, trabalhava-se mais o amor, a estabilidade era muito maior. Com a superficialidade dos relacionamentos atuais, não se conhece mais tão bem o parceiro. O tempo disponível para se aprofundar a relação e o conhecimento é menor", diz Noeli.
Como não podia deixar de ser, outra questão que evoluiu junto com o namoro e o relacionamento foi a traição. Segundo Noeli, "antes era mais comum a traição masculina, por questão de honra e de necessidade de se suprir os impulsos sexuais. Hoje, troca-se muito rápido de parceiro, a relação amorosa é superficial e a fidelidade já não é mais tão valorizada, por ambos os sexos. O que não se tem em casa, busca-se fora. As pessoas estão se relacionando em velocidade tão grande que, se têm uma necessidade, precisam supri-la agora. E, nesse caso, a internet é uma grande facilitadora do processo".

No entanto, quando o assunto é relacionamento, é preciso enxergar o outro lado da moeda. Afinal, a internet pode não ser tão prejudicial assim à vida a dois. "Não há nenhuma garantia de que um namoro iniciado pela internet vá durar pouco. Assim como não é certo que, por ter havido um bom conhecimento prévio do parceiro antes do casamento, ele vai durar a vida toda. A internet e a velocidade melhoraram as relações no sentido de que elas ficaram mais transparentes. Aspectos da personalidade que antes ficavam ocultos podem emergir logo. Antes, sentia-se que as relações eram mais montadas, que não havia tanta autenticidade quanto hoje. Por outro lado, no entanto, as relações hoje estão mais vulneráveis e mais egoístas. A internet é boa por afirmar a pessoa como sujeito, mas é ruim quando gera individualismo", avalia Noeli.

O individualismo, aliás, deve ser a questão-chave a ser trabalhada em um relacionamento moderno, inclusive para que já passou dos 50. "Para se garantir profundidade nas relações atuais, as pessoas devem lembrar-se de prestar sempre atenção no outro. Deve-se perceber se você está curtindo mesmo estar com a outra pessoa ou se está ali simplesmente para não ficar sozinho. 'O quanto eu estou feliz de cuidar daquela pessoa?', 'o quanto ela é feliz de estar comigo?'. Se não estiver rolando, pare agora e converse. Dizer o que está sentindo e, principalmente, ter abertura para ouvir o outro é essencial. Uma relação é uma via de mão dupla. Confiança e cuidado são essenciais em uma relação que tem amor", finaliza a especialista.


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