terça-feira, 24 de agosto de 2010

A autoestima e o encontro de si mesmo...

As pessoas sempre estão procurando algum sentido para suas vidas. Algumas depositam suas expectativas em uma religião, outras em um amigo, outras em um relacionamento amoroso. Outras preferem direcionar suas vidas para fazer trabalhos humanitários e sociais, investindo na vida de outra forma e sentem-se felizes em agir assim. Contudo, nas pesquisas que são realizadas, a maioria das pessoas afirma que a intimidade com outros seres humanos é isoladamente, o aspecto mais gratificante da vida. Talvez, porque a maioria das pessoas reconhece que, na melhor das hipóteses, a vida é uma longa viagem solitária.

Assim, ninguém pode negar a importância de alguns fatores como o amor e a autoestima e se considera que estes são alguns dos principais elementos na formação da personalidade humana. Segundo o que apontam muitos especialistas, o amor é a condição fundamental para o nascimento da pessoa enquanto pessoa. Dessa forma, a autoestima é algo natural que acontece nas pessoas, e se define como o sentimento de gostar de si mesmo.

Diferente de autoconceito, que se refere à noção ou ideia que faço de mim; e do conceito de autoimagem que diz respeito à como a própria pessoa se vê. Ela vai sendo construída ao longo do desenvolvimento humano e por conta de sua amplitude de interferências, na atualidade, tem sido um dos temas mais debatidos nos ambientes educativos. Porque, se por um lado alimenta a criatividade e a inventividade; por outro, permite desvendar sentimentos da pessoa sobre ela mesma: orgulhar-se de seus empreendimentos, demonstrar suas emoções, respeitar-se, reconhecer os próprios talentos, investir em seus objetivos, e promover um agir de maneira independente, com autonomia. Ela está relacionada a muitas temáticas, mas de forma especial, com a questão da qualidade de vida. Não raramente, nos deparamos com o problema da baixa autoestima, seja em nossos familiares, colegas de serviço, seres amados, ou podemos identificar estes quadros em nós mesmos. Muitos são os sintomas de uma autoestima rebaixada tais como a manutenção de uma menos valia, isto é, sensação de incapacidade constante, falta de aceitação, sobre tudo com as suas próprias limitações, negativismo expresso na fala, complexos diversos com o físico e/ou com suas características psicológicas (dizer, por exemplo: eu sou feio(a), chato, ou ainda, eu faria tudo para ser uma pessoa mais legal para os outros), alimentar frequentemente a insegurança, perfeccionismo e não se permitir errar, necessidade de agradar a tudo e a todos, necessidades constantes de provisões externas de carinho e de aprovação por parte dos outros e de reconhecimento das nossas ações no mundo, não saber dizer “não”, isto é não ser assertivo com as pessoas, seriam somente alguns das situações, comportamentos, pensamentos, e sentimentos que, muitas vezes, diminuem a nossa autoestima, e que fazem com aparentemente boicotemos a nossa felicidade. Dessa maneira, as pessoas nessas situações têm pensamentos como: "não valho nada", "não faço tudo as coisas tão bem como deveria", "não se serei capaz de...", "não gosto de mim mesmo...". E vivem insatisfeitos com suas relações (amorosas, laborais e outras), e mesmo quando se entregam ao lazer, este também, não as satisfazem. Este se sentir digno, autoconfiante, gostar de si mesmo está relacionado ao enfrentamento das muitas situações-problemas com as quais nos deparamos diariamente, tornando o ser humano mais criativo e com iniciativa própria para resolvê-los. Logo, um funcionário, ou mesmo um patrão, com baixa autoestima pode gerenciar mal suas tarefas e responsabilidades podendo comprometer seus empreendimentos e as pessoas a ele relacionadas. E quais são as razões mais comuns da baixa autoestima? Muitas são as possíveis razões para uma pessoa ter a sua autoestima diminuída. Alguns fatores estão relacionados a uma autoestima rebaixada e não se sabe até que ponto são causa ou efeito deste quadro: críticas e autocríticas, culpa, abandono, rejeição, carência, frustração, inibição, timidez, insegurança, histórico de humilhações no decorrer da vida, e, também, perdas e dependência (financeira e emocional). Contudo, pode-se dizer que geralmente, quando a autoestima está baixa a pessoa se sente inadequada, insegura, com muitas dúvidas, incerta do que realmente é, com um sentimento vago de não ser capaz. Não acredita ser capaz de ter alguém que a ame, de fazer aquilo que ela mesma quer, de se cuidar, e desenvolve dessa forma um pensamentos, sentimentos e comportamentos

relacionados à insegurança muito profundos, tendo baixa adesão aos seus empreendimentos quaisquer que sejam. Também aconselho a você a fazer gratuitamente o teste de autoestima do site: http://www.thiagodealmeida.com.br/site/testes/autoestima/inicio

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Síndrome da Dependência Amorosa... do que se trata? Como se trata?

O amor, a despeito de suas muitas e diversificadas expressões no cotidiano, é um assunto muito presente em nossas vidas, e constitui o tema central de diversas manifestações artístico-culturais, tais como músicas, filmes, poemas e romances, dentre outros. Apesar disso, o amor, enquanto um conceito é algo que o levantamento de inúmeras questões a seu respeito, a começar pela sua própria definição. A maioria das pessoas utiliza o termo “amor” para descrever sentimentos em relação a uma pessoa por quem é mais fortemente atraída ou a quem se vê mais apegada. Logo, afirmações como “isso é amor”, ou seu contrário, “não, isso não pode ser amor de forma alguma” oscilam ao sabor das conveniências para cada situação as quais estejamos nos referindo.

De fato, o amor constitui um elo, não necessariamente relacionado à gratificação pessoal, mas sim às situações, pessoas, objetos, que têm importância para as pessoas que nos cercam. Dessa forma, apesar de sua evidente importância, o amor, enquanto uma representação mental que possui uma extensa variedade de expressões e explicações sob diversos prismas, freqüentemente é utilizada pelas pessoas. Entretanto, o que é, de fato, o amor e como poderíamos concebê-lo de forma a considerar, de forma consistente, todas as suas variadas expressões? Por que nos ocupamos tanto desse fenômeno? Qual a importância e o significado do amor para nossas vidas e para a humanidade? Então, amar alguém, em primeira análise, significa reconhecer uma pessoa como fonte real ou potencial para a própria felicidade. Contudo, ao que parece, cada pessoa sabe exatamente como está sentindo seu amor, ou lamentando a falta dele, se regozijando ou sofrendo com ele, explicando que tipo de amor é o seu, reclamando reciprocidade, exigindo cumplicidade ou ocultando o amor proibido. Será mesmo?

Cada pessoa experimenta o amor à sua maneira, pois, ele é uma experiência idiossincrática que cada um vivencia de modo diferente e novo. Assim, é bom não somente aprender a olhar para aquilo que nos incomoda como também a procurar ajuda. Estes casos são conhecidos como casos de dependência de amor.

O fenômeno da dependência amorosa, a princípio talhada como conhecida “Síndrome das mulheres que amam demais” pela autora Robin Norwood, por ter sido inicialmente identificada em pessoas do sexo feminino é uma incapacidade que algumas pessoas para estabelecerem relacionamentos amorosos saudáveis, com uma tendência constante para se apaixonarem por indivíduos muito problemáticos e ficarem presas emotivamente a estas pessoas.

O componente central na avaliação da Dependência Amorosa é a caracterização do comportamento  repetitivo e sem controle  de prestar cuidados e atenção ao objeto de amor (parceiro), com a intenção (nem sempre revelada) de receber o seu afeto e evitar sentimentos pessoais de menos valia. Para a avaliação diagnóstica da dependência amorosa é importante, também, constatarmos que essa atitude excessiva é mantida pela pessoa , mesmo após concretas evidências de que está sendo prejudicial para a sua vida e/ou para a vida de seus familiares.

Comparando os critérios para dependência química com as características apresentadas pelos portadores de Dependência Amorosa, pelo menos seis são comuns às duas patologias:

1.) Sinais e sintomas de abstinência  quando o parceiro está distante (física ou emocionalmente) ou perante ameaça de abandono, podem ocorrer: insônia, taquicardia, tensão muscular, alternando períodos de letargia e intensa atividade

2.) O ato de cuidar do parceiro ocorre em maior quantidade do que o indivíduo gostaria  a pessoa costuma se queixar de manifestar atenção ao parceiro com maior freqüência ou período mais longo do que pretendia de início

3.) Atitudes para reduzir ou controlar o comportamento patológico são mal sucedidas  em geral, já ocorreram tentativas frustradas de diminuir ou interromper a atenção despendida ao companheiro

4.) É despendido muito tempo para controlar as atividades do parceiro  a maior parte da energia e do tempo do indivíduo são gastos com atitudes e pensamentos para manter o parceiro sob controle

5.) Abandono de interesses e atividades antes valorizadas  como a pessoa passa a viver em função dos interesses do parceiro, as atividades propiciadoras da realização pessoal e profissional são deixadas, como: cuidado com filhos, atividades profissionais, convívio com colegas etc.

6.) A Dependência amorosa é mantida, apesar dos problemas pessoais e familiares  mesmo consciente dos danos advindos desse comportamento para sua qualidade de vida, persiste a queixa de não conseguir controlar tal conduta

Nestes casos de dependência, a ajuda psicológica torna-se fundamental porque é natural que a pessoa sinta um enorme vazio e imensas mudanças emocionais quando se tenta comportar de forma diferente com o(a) companheiro(a) ou quando o relacionamento requer uma separação. Há quem se mantenha na dependência amorosa a vida toda para não ter de passar pelo angustiante processo de separação. A pessoa acredita que não suportar viver sem essa pessoa e prefere manter-se infeliz e insatisfeita enquanto perdurar a relação. A psicoterapia ajudará ainda a que esta pessoa se comece a questionar sobre a razão que a leva a se sentir atraída por homens/mulheres com determinadas características negativas em comum e a perceber a origem desse comportamento, de forma a ultrapassá-lo.

Há de se ressaltar que atualmente também existem homens que “amam demais”, mas, ainda se trata de um assunto tabu na nossa sociedade patriarcal e machista. Embora existam homens que “amam demais” suas parceiras dificilmente eles procurarão grupos de autoajuda, a exemplo destas para verbalizar e expor a situação que lhes incomoda. Eles vivenciam os mesmos sintomas e dificuldades existências que as mulheres acometidas pelas conseqüências negativas da dependência amorosa sendo que para eles é talvez mais difícil se tratar pelo fato de que a nossa sociedade não validar esta patologia nos homens. Apesar de acometer ambos os sexos, o fenômeno da Dependência Amorosa parece ser prevalente na população feminina, uma vez que, em geral, as mulheres consideram a relação a dois como prioritária em suas vidas. Logo, a prevalência mais alta é a de mulheres acometidas por esta síndrome, embora não haja tantas pesquisas para listar o número de homens e mulheres afetados pela mesma.

Acreditava, Nietzsche, um dos grandes filósofos alemães do século XIX, que o amor chega quando se tenta desejar o bem em sua totalidade para algo. Dizia que quando amamos reunimos todos os melhores atributos de tudo com o que nos deparamos de mais maravilhoso e perfeito no mundo, e consideramos, por sua extensão, similares ao objeto amado. De tal sorte, pode-se inferir que influenciadas pelo amor, as pessoas pode distorcer a representação da realidade, podem idealizar o ser amado, tal como se tratasse de idéias supervalorizadas, ou ainda, de certa obsessão. Mas, paixão não é amor, embora esses termos sejam usualmente tomados como sinônimos na vida cotidiana.

Como um diferenciador preliminar, quem sofre ou faz sofrer, acreditando-se motivado pelo amor, geralmente se engano, por não estar motivado pelo amor em si, mas a pessoa que enfoca no sentimento amoroso uma grave alteração psíquica, seja em sua personalidade, seja advinda de seus conflitos e complexos interiores. Não são raras as pessoas que, contrariando o bom senso e a crítica razoável, deixam tudo para viver um grande amor, aumentando perigosamente a possibilidade de serem infelizes, ainda que amando.

Para determinarmos ainda que, grosso modo, o grau de dependência patológica do amor com relação ao parceiro, as questões a seguir podem ser respondidas:

1. Você costuma sentir angústia, taquicardia ou suor quando seu(sua) parceiro(a) se distancia (mesmo afetivamente) ou quando vocês estão brigados?

2. Costuma se preocupar de maneira excessiva com a vida do(a) seu(sua) parceiro(a)?

3. Você não consegue diminuir a atenção e o cuidado que presta ao(a) seu(sua) parceiro(a)?

4. Gasta muito tempo para controlar as atividades do(a) parceiro(a), em ações, como ligar para ver onde ele(a) está?

5. Você já deixou de fazer coisas de que gostava devido ao relacionamento?

6. Se o relacionamento traz problemas para sua vida pessoal ou familiar, mesmo assim você o mantém?



Ainda que o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em seu texto revisado (DSM-IV-TR) não inclua a Dependência Amorosa na lista das patologias devido ao fato que os critérios diagnósticos ainda estão em estudo, quem lida com psicoterapia, provavelmente pode estar recebendo em seus consultórios demandas de pacientes que em que manifestem estes sintomas. E se os afetados desconhecem sua condição e a patologia vier a se tornar crônica, esta pode gerar níveis de estresse, que diminuem sensivelmente a qualidade de vida e culminam em mal-estar físico generalizado e até em outras doenças (cardiovasculares, dependências químicas, somente para citar algumas). Embora o tema só esteja sendo mais bem estudado recentemente, existem hipóteses, teorias, observações e pesquisas que merecem ser consideradas. É bastante provável que esse quadro possa estar associado a outros transtornos psiquiátricos, tais como quadros depressivos e ansiosos. E reconhecemos que as relações significativas, como relacionamentos amorosos, podem ser consideradas como fatores de risco ou de proteção (também chamados de fatores resilientes), dado que ora promovem o sentimento de segurança e a auto-estima e concorrem para o bem estar global do indivíduo, ora geram condições adversas de existência e implicam considerável sofrimento. Pensa-se também que casos de Dependência Amorosa possa ocorrer isoladamente em personalidade mais propensas e vulneráveis, ou ainda em pessoas com extrema baixa autoestima. Em casos mais expressivos a Dependência Amorosa vem acompanhada de sentimentos invasivos de rejeição, de abandono e de raiva.

Desmistificando alguns conceitos errôneos a respeito da Dependência Amorosa:

(1) Existem, e sempre existirão, pessoas que sofrem por não ter reciprocidade no amor. Contudo, em casos como este, não cabe uma abordagem psicopatológica. Trata-se de uma das muitas frustrações da vida humana normal;

(2) Pessoas com uma autoestima empobrecida podem estar constantemente insatisfeitas com o amor, normalmente por não se sentirem tão correspondidas como esperavam do parceiro, por sentirem a ameaça do abandono, ou ainda, motivadas por outros sentimentos de perda. Há de se ressaltar que nem sempre uma pessoa com uma autoestima rebaixada é um exemplo de pessoa afetada por Dependência Amorosa, mas provavelmente alguém diagnosticado com Dependência Amorosa geralmente sofrerá com uma autoestima rebaixada. Logo, investir na autoestima é essencial para ter uma qualidade de vida significativa;

(3) Nessa patologia dirigida pela paixão à obsessão em pensar seguidamente na pessoa amada, faz sofrer muito, principalmente diante de tudo aquilo que dificulte, impeça ou atrapalhe a vivência de seu amor.

(4) É errôneo denominar enquanto “Dependência Amorosa” as conseqüências negativas provocadas para o outro e principalmente para o próprio portador da pessoa que sofre emocionalmente devido ao quadro anteriormente descrito. Em uma de suas prováveis origens, o termo ‘amor’ deriva etimologicamente, onde “a” significa “não”; e “mors‘’ é sinônimo de morte. Portanto, o amor, nesta concepção etimológica, corresponderia a algo que transcenderia a morte. Logo, utilizamos amor para algo que cause uma ascese para o ser humano e não um prejuízo em qualquer instância.

(5) ao contrário do que se possa pensar, uma relação, no qual um dos parceiros seja um dependência amoroso é prejudicial para ambos, pois, o parceiro afetado diretamente pelo transtorno alimenta no companheiro a manutenção dos seus comportamentos negativos, não lhe permitindo igualmente prosseguir com outra forma de vida;

(6) A neurofisiologia de uma pessoa apaixonada e de uma pessoa enamorada é diferente, passando por circuitos neurais diferentes, recorre a neurotransmissores que não são iguais e que assim, resultam em conseqüências que não podem ser tomadas como iguais como são interpretadas por vários autores que estudam o amor patológico. Por exemplo, normalmente o cérebro de uma pessoa apaixonada contém grandes quantidades de feniletilamina, e esta substância pode responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados em uma contínua estimulação. Entretanto, o cérebro de uma pessoa enamorada não possui tamanha quantidade desta substância (somente para constar, esta é uma molécula natural semelhante à anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples nas situações de flerte como trocas de olhares e nos momentos de toque e carícias com outro ser humano). No início da paixão ocorre sempre uma agradável sensação de bem-estar. Mesmo que a pessoa tenha depressão, a paixão exerce um efeito estimulante capaz de proporcionar alívio da angústia e dos sintomas depressivos. Esse bem estar inicial decorre da liberação de adrenalina desencadeada pela sensação amorosa. Outra diferença importante, a paixão está intimamente mais relacionada ao sistema dopaminérgico e o amor a presença e ao predomínio da ocitocina.



Então, o perfil das pessoas acometidas por esta síndrome caracteriza-se:

(1) Quando crianças provavelmente tomaram conta do pai ou de outro familiar de forma excessiva;

(2) Quando adultas, mostram-se naturalmente mais disponíveis para dedicar a vida a cuidar dos outros, mais do que a si mesmas, até por questões culturais (que favorecem este papel passivo e submisso no caso de suas acometidas);

(3) Constante procura e atração por parceiros que sejam ausentes, negligentes, imaturos ou mesmo violentos (fisicamente e/ou verbalmente);

(4) De uma forma não consciente, há uma necessidade de perpetuar uma série de emoções negativas que estes parceiros lhes provocam, como forma de se manterem num "equilíbrio" enganador, que lhes traz sofrimento e angústia ao longo de toda uma vida;

(5) Tentativas de controlar eventos, situações e pessoas por meio da culpa, coação, ameaça, manipulação e conselhos, chantagens emocionais, assegurando-se assim que as coisas aconteçam da maneira que acredite ser a correta;

(6) Necessidade patológica de se sentir ‘querida’ para poder manter uma relação com os outros.

(7) Carente de aprovação externa dos próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos acima de sua própria aprovação;

(8) Anulação de sua própria opinião, em vários contextos, com vistas a granjear a simpatia alheia;

(9) Acredita convictamente que a maioria das outras pessoas é incapaz de tomar contar de si mesma;

(10) Realiza “boas ações e favores”, magoando-se quando eles não são percebidos ou mesmo recompensados;

(11) Antecipa-se em adivinhar como as outras pessoas estão se sentindo e também a reconhecer as “necessidades e desejos” dos outros antes que eles peçam para que sejam reconhecidos, de tal forma, que a pessoa co-dependente fica ressentida quando outros não a deixam ajudá-los;

(12) Sente-se particularmente bem quando está ajudando os outros;

(13) Oferece livremente conselhos e sugestões para outros sem ser perguntado;

(14) Afasta-se dos próprios interesses para fazer o que os outros querem;

(15) Não consegue tolerar ver os outros sofrendo.

(16) Doa-se generosamente e presta favores indiscriminadamente para aqueles com quem me preocupa;

(17) Faz uso do sexo para ganhar aprovação e aceitação alheia;

(18) Tenta convencer os outros de como eles “verdadeiramente” pensam e devem “se sentir”;

(19) Percebe-se completamente desinteressado por mim mesmo e dedicado pelo bem-estar dos outros.



Feitas essas considerações a questão que se coloca imediatamente é: por que, por exemplo, uma pessoa opta por se aproximar de uma outra a um homem tão problemática afetada por um quadro como este? Por que é que depois de muitas experiências de humilhação, continua a gostar desta pessoa que continuamente a maltrata, ainda que alegue fazer isso sem querer?

Como colocado, esta opção, freqüentemente, não é uma atitude consciente e racional por si só. Muitas vezes, as pessoas vitimizadas por este transtorno, seja diretamente ou indiretamente, sabem que sofrem e continuarão a sofrer, mas sentem que precisam desta instabilidade para viver e atribuem-na ao amor que sentem pela outra pessoa e não à dependência que, entretanto criaram. Um envolvimento com um parceiro que não seja problemático torna-se para esses parceiros insípido, aborrecedor ou mesmo monótono, devido ao fato de não contemplar o componente ‘dramatismo’, que acreditam ser essencial ao bom funcionamento do mesmo. Contudo, amor não precisa necessariamente rimar com dor. Considera-se que esta tendência patológica está relacionada com padrões pouco adaptativos e familiares do passado, que consequenciaram em adultos com baixos repertórios para vivenciar experiências amorosas em sua plenitude e possivelmente quanto maior o sofrimento da criança no passado, maior a probabilidade de na idade adulta dos afetados, reproduzirem esses mesmos padrões com novos companheiros.

Em suma, para viver um relacionamento satisfatório para ambas as partes deveríamos nos lembrar de que o amor em uma relação precisam de dois parceiros com grande afinidade, com graus semelhantes de maturidade emocional e dispostos a ceder e a dar, de ambas as partes.Em outras palavras, o amor é não é uma questão de força e de controle emocional e sim de escolha e livre arbítrio de ambas as partes.



Referências adicionais para o entendimento desta dinâmica afetiva:



SOPHIA, E. C.; TAVARES, H.; BERTI, M. P.; Pereira, A. P.; COSTA, A. L.; OLIVEIRA, C. N.; GORENSTEIN, C.; ZILBERMAN, M. L.. Pathological love: impulsivity, personality, and romantic relationship. CNS Spectrums, v. 14, p. 268-274, 2009.

COSTA, A. L.; SOPHIA, E. C.; OLIVEIRA, C. N.; TAVARES, H.; ZILBERMAN, M. L.. Group therapy for pathological love. Revista Brasileira de Psiquiatria (São Paulo), v. 30, p. 292-293, 2008.

PHIA, E. C.; TAVARES, H.; ZILBERMAN, M. L.. Pathological love: is it a new psychiatric disorder?. Revista Brasileira de Psiquiatria (São Paulo), v. 29, p. 55-62, 2007.

Eglacy Cristina Sophia. Amor Patológico: Aspectos Clínicos e de Personalidade. 2008. Dissertação (Mestrado em Psiquiatria) - Faculdade de Medicina da USP, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Monica Levit Zilberman.

Você está pronto(a) para amar novamente?

É fato que ninguém começa um relacionamento pensando que este possa acabar ou que tenha um ‘prazo de validade’. Todo o mundo acredita que relações amorosas foram feitam para durar para sempre. Entretanto, nem sempre é o que acontece. Segundo especialistas em relacionamentos amorosos os seres humanos estão ‘programados’ para amar e amar novamente quando perder o objeto amoroso por quaisquer motivos. Será mesmo? O  teste do sitehttp://www.thiagodealmeida.com.br/site/testes/pronto-para-amar-novamente:  tentará identificar juntamente com você se você pode se engajar em um novo relacionamento amoroso.

domingo, 22 de agosto de 2010

A preocupação com o tamanho do pênis: afinal, tamanho importa?


Muitos pacientes chegam ao meu consultório me questionando se o tamanho de seu órgão genital influencia o sexo, ou o que vale é a qualidade do relacionamento sexual. Essa é uma preocupação comum, que cerca a sexualidade masculina e que pode ocorrer tanto na infância, na adolescência ou até mesmo na fase adulta. Pensemos neste texto juntos a respeito dessa dúvida que abala a confiança e diminui a autoestima masculina: Há relação entre o tamanho do pênis e o orgasmo feminino? Gostaria também de discutir sobre outra questão complementar: se uma das maiores preocupações do homem é o tamanho do pênis, qual a preocupação da mulher na hora do sexo?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, o tamanho do pênis normal no homem brasileiro foi pouco estudado. Acredita-se que qualquer tamanho entre 4 a 18 centímetros (em repouso) e 7 a 27 centímetros (quando ereto) esteja dentro do normal. Na maior parte dos casos a insatisfação não deriva de uma queixa da parceira, mas sim do próprio desejo de possuir um pênis maior, seja por desconhecimento das dimensões normais, seja por comparações errôneas feitas com outros pênis, vistos em revistas e filmes eróticos, ou através de "vantagens" contadas por amigos.

Assim como o tamanho dos seios ou outro aspecto estético da mulher, o homem atual, paralelamente tem desenvolvido uma preocupação quase que obsessiva em relação ao tamanho do pênis. Dessa forma faz comparações infundadas, desenvolve conceitos errôneos que muitas vezes equiparam o pênis a um possível desempenho sexual, no sentido de quanto maior, mais prazer proporciona e totalmente desconsidera que homens que pensam assim são vítimas de uma cultura que reforça o hedonismo e o narcisismo. Somente como dado de referência, pênis grandes eram considerados cômicos na antiguidade. Hoje, aparentemente sinal viril de destaque.

Embora, os conceitos de "pequeno", "médio" ou "grande" variem de pessoa para pessoa, ou seja, o que é grande para um pode ser médio ou pequeno para outro, o sexo masculino frequentemente sente-se vulnerável quando acha que seu pênis é pequeno e não está de acordo com suas expectativas e essa situação afeta diretamente sua autoestima. E o medo de não conseguir "impressionar" uma parceria, consequentemente pode levar alguém ao desespero para planejar alterar sua anatomia. Logo, aumento do pênis é muitas vezes um dos objetivos de homens insatisfeitos com o tamanho do seu órgão genital. Bombas de vácuo, exercícios, aparelhos de estimulação eletromagnética, injeção de gordura no corpo do pênis (com finalidade de aumento do diâmetro) ou uso de retalhos cutâneos das coxas ou nádegas, massagens e aparelhos "esticadores", são anunciados como soluções infalíveis e desprovidas de complicações. Na verdade, têm resultados confusos, não isentos de complicações e não foram muito bem avaliados. Não tem a aceitação dos urologistas e os "milagres" a eles atribuídos não têm comprovação científica. Definitivamente tamanho não conta na hora de dar prazer à mulher. Situação estranha, pois, o prazer feminino não cresce na mesma proporção em que se aumenta o tamanho do órgão genital masculino. Mas a segurança dos homens, aparentemente, sim.

Para diminuir um pouco a ansiedade masculina no que concerne esta questão é bom que o homem entenda um pouco mais sobre a anatomia da mulher com quem provavelmente estabelecerá relações sexuais. A área mais sensível da vagina é a porção mais perto do lado externo do corpo feminino, que possui aproximadamente 10 centímetros de comprimento. Levando-se em consideração que o tamanho médio do pênis está acima deste comprimento, a maioria dos pênis são longos o suficiente para o estímulo sexual. Portanto, a grande maioria dos pênis, adapta-se a quase todas as vaginas. Rara é a mulher cuja falta de prazer possa ser atribuída ao tamanho do pênis do parceiro.

Mas, o que o homem parece desconsiderar é que o tamanho do pênis também pode influenciar negativamente na hora da relação. Esta é uma dificuldade enfrentada quando o homem possui um pênis comprido e o sexo se tornará um incômodo para a mulher. Esta situação ocorre por várias razões. Primeiramente é possível que o pênis demore mais tempo para ficar ereto e muitas vezes não fica com aquela rigidez esperada. Na hora do ato, por ser muito grande, ele pode esfregar ou acertar o colo do útero, e causar desconforto e dor, chegando muitas vezes a machucar a mulher. Logo, se uma das maiores preocupações do homem é o tamanho do pênis, uma das maiores preocupações da mulher também pode ser o tamanho do pênis, sobretudo, quando as parceiras mais se machucam do que sentem prazer ao se entregarem para o homem na relação sexual. Outra preocupação paralela é a de não estar satisfazendo os desejos do parceiro e sendo assim, os dela também, até porque o sexo é para satisfazer o casal e se não é bom pra um dos componentes, provavelmente não será bom para ninguém. Outra questão que muitos homens parecem desconhecer é que a maioria das mulheres relata uma preocupação ainda maior do que a anatomia do órgão genital de seus parceiros: o dia seguinte. Quer dizer, preocupam-se com o comportamento dele no dia seguinte: se ele fingirá que não conhece a pessoa para a qual fez juras românticas na noite anterior, e se, quando estiver com os amigos, contar tudo o que fez, e até o que não fez. Então, para elas, o tamanho talvez seja o que menos importa. Pior que sair com um homem de pênis pequeno, é sair com homem sem caráter. Mulheres geralmente não reclamam de tamanho de pênis. Mulher reclama de infidelidade, de indiferença, de falta de carinho e de atenção, do egoísmo e preocupação do parceiro em satisfazer a si próprio.

Principalmente a juventude está mais suscetível a ser influenciada por este dilema, daí a importância de que pais, educadores e profissionais da saúde devam orientá-los no desenvolvimento de uma sexualidade ética, segura e acima de tudo que estimule o poder pessoal e prazer de ambos os parceiros. E a psicoterapia será um dos mecanismos que o homem pode acorrer toda a vez em que ele precisar redescobrir que a atração e a harmonia entre o casal é capaz de dar conta, quando o tamanho do pênis é desproporcional a sua expectativa. Então, o prazer feminino independe do tamanho do pênis, mas sim de um conjunto de fatores que cerca o ato sexual: emoção, amor, clima erótico, desejo e apetite sexual, grau de excitação e "habilidade" do parceiro. O homem costuma ser obcecado pela penetração, enquanto que a mulher é mais centrada nas preliminares. Bons momentos preliminares utilizando de artifícios que promovam a intimidade do casal podem ser também grandes aliados se a maior preocupação for o prazer da parceira.

Como faço para me livrar da minha timidez?

Muitos pacientes e usuários do meu site (http://www.thiagodealmeida.com.br/) me fazem esta pergunta. Não existe uma receita comum que possa ser aplicada em todos os casos, para todas as pessoas, mas me proponho, neste texto, a discutir algumas contribuições para você que tem dificuldades com timidez.
Quer seja para procurarem um novo amor, quer seja para obterem um melhor posto em seu trabalho, ou ainda, para obterem um encaminhamento para lidar com as diversas situações-problemas do seu cotidiano, as pessoas mais cedo ou mais tarde, deparam-se com a questão da timidez. Especificamente, em se tratando de relacionamentos amorosos, sabemos que algumas pessoas com a intenção de se relacionarem amorosamente utilizam uma diversidade maior de estratégias do que outras pessoas. Então, essas pessoas que têm um repertório maior e mais sofisticado obviamente têm maiores possibilidades para iniciarem relacionamentos amorosos e podem, por esse motivo, escolher alguém mais adequado ao seu perfil amoroso. Um relacionamento assim também granjeia uma maior probabilidade de sucesso. Contudo, a cada vez mais, pessoas que se consideram tímidas acorrem aos consultórios na tentativa de se livrar desta dificuldade.

É preciso avaliar o que você considera timidez, e o quanto isso afeta negativamente a sua vida, profissional e relacionamentos. Para que todos estejam falando e pensando sobre o mesmo assunto, compartilho com vocês a melhor definição que eu conheço a respeito deste assunto. A timidez que pode ser definida como a tensão e a inibição em situações sociais e, portanto, vai depender de vários fatores: falta de iniciativa, baixa autoestima, frustração (na vida amorosa e profissional), traumas na infância, dentre outros fatores. Se você se encaixa em algumas dessas alternativas, é bom começar a reagir. É bom saber também que:

(1) Você não é a única a passar por isso;

(2) É bom reavaliar a maneira como encara a si mesmo(a);

(3) Existem parceiros (as) que preferem pessoas menos extrovertidas;

(4) Existem profissões que não precisam ter muito contato com pessoas;

(5) Há pessoas tímidas cercadas de amigos e há pessoas tímidas solitárias.

(6) Não espere perfeição de si mesmo(a).

Muitas vezes o tímido por não saber o que fazer inveja ou tenta copiar a pessoa que identifica como extrovertida. Se você costuma agir assim, saiba que o melhor que tem a fazer é se assumir como você é, tímido (a) mesmo (a). Não superestime este estado achando que você será a última pessoa da face da terra a encontrar um (a) namorado (a). Saiba que as pessoas certas irão se aproximar de você. É uma questão de tempo. Tente não se desesperar. Mais vale você saber o que fala e com quem fala do que tentar um comportamento que não lhe garanta conforto nas relações. Se você se mantiver sereno (a), com o tempo, a timidez dá lugar ao autocontrole. Eu aconselho você a insistir. Conviver mais com o sexo oposto, participar de um voluntariado, ter a iniciativa no contato com os amigos, experimentar lugares e sensações que nunca fez, no seu ritmo, enfim, abri-se ao novo.
Ser uma pessoa extrovertida não significa que, de repente, você vai ter de interagir com todo mundo ou estar presente a cada evento social para o qual você foi convidado (a). Procure como meta conversar com uma pessoa de cada vez. Isso exigirá certo esforço da tua parte, mas garanto: valerá à pena. Você será bem sucedido (a) ser houver confiança em si mesmo (a). Pouco importa se é uma simples afirmação ou pergunta como, por exemplo, "ah, hoje tá frio, né?", ou então, “como você está?”. Não se preocupe se você cometer alguma gafe ao falar, ria do fato, e prossiga com a conversa. Não perca tempo em se condenar quando alguém discordar do assunto que você trouxe, ou ainda, do ponto de vista que você está defendendo. Não leve isso para o lado pessoal e nem acredite que é alguém desinteressante. Lembre-se: as pessoas têm gostos diferentes. Não é nada pessoal. Não tem porque encarar isso como rejeição.
Quando sair nas noites afora não pense que o álcool resolverá o que você mesmo (a) não fez/ faz por você. Um dia, um dos meus colegas de profissão soltou uma pérola infeliz. Ele disse que preferia um tímido assumido a um alcoolista anônimo. Sinceramente, eu preferia que este colega fosse mais tímido.
Caso você realmente se interesse pela pessoa com quem está interagindo, em geral não será difícil arranjar assunto, e encadear um assunto no outro. Aliás, pessoas tímidas são bons ouvintes. Logo, este quesito já é meio caminho andado para elas. Treine suas habilidades e adquira outras também.
Caso você observe muitos prejuízos em sua vida social, o ideal é procurar um (a) terapeuta. Junto com ele (a) você poderá descobrir os motivos que a levam a temer certas situações e antecipar eventos negativos, que fazem com que você se retraia ainda mais, e trabalhar esses motivos, a fim de que você se solte mais em situações de interação ou exposição com as pessoas.
Proponho a você ao final deste texto fazer o teste "Qual é o seu tipo de Timidez?" do site: http://www.thiagodealmeida.com.br/site/testes/timidez/inicio para mais respostas sobre suas dúvidas.
Para você se livrar da sua timidez e obter mais dicas, aconselho comprar o livro: http://www.thiagodealmeida.com.br/site/noticia/18/02/2011-0