sexta-feira, 3 de julho de 2015

O amor, a infidelidade e a dor

O que, afinal de contas, é considerada uma traição? Mulheres contam como encaram essa situação no relacionamento

O amor, a infidelidade e a dor
“Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel o grande amor
Mentira”

(Chico Buarque – Samba do grande amor)
Alguns estudos já constatam que a cultura monogâmica não é naturalmente humana. Nossos ancestrais, por viverem poucos anos, precisavam conceber o máximo de filhos para perpetuar a linhagem. Por isso, não aceitavam que as parceiras tivessem bebês de outros.
As mulheres, por sua vez, viam no homem um protetor e aceitavam a condição de meras reprodutoras, mesmo que os provedores fizessem o mesmo com outras “fêmeas”.
Milhares de anos se passaram e a cultura mudou da água para o vinho. Mas não necessariamente nosso cérebro. Daí vêm os, digamos, contratempos de percurso, que surgem na vida amorosa e enlouquecem a rotina de muitas pessoas.
A ciência
É bem verdade que os homens, fisiologicamente, estão mais amparados pela natureza na hora de justificar uma traição. Como possuem cerca de 30% a mais de testosterona, hormônio que aumenta a libido e o desejo sexual, muitas vezes acreditam que as causas de sua infidelidade são naturais.
As mulheres, por sua vez, apresentam 10% a mais de ocitocina, substância responsável pela sensação de vínculo e apego. “De cada dez mulheres traídas, sete perdoam o parceiro. Já o homem prefere exterminar o objeto do ciúme”, nos conta Thiago de Almeida, especialista em relacionamentos amorosos.
No entanto, o psicólogo é enfático ao afirmar que não dá para simplesmente resumir o assunto em: fidelidade não é natural enquanto infidelidade o é. “Isso não é verdade! Ambas derivam da cultura, religião e moral apresentadas desde cedo no contexto em que se vive”, conclui.
Os limites
“Me apaixonei por um homem casado, com uma vida dupla. Descobri apenas dois anos depois, quando a desconfiança já era grande. Cheguei até a tentar suicídio!”, o depoimento de Marcia Zamboni, protetora animal de 54 anos, apresenta apenas uma das vias nas histórias de infidelidade.
Mais do que o traído e o traidor, há sempre um terceiro fator envolvido, representado por um grande sentimento ou uma desaconselhável aventura.
Embora seja quase consenso que relação física extraconjugal já configure conduta infiel, não existem parâmetros concretos para se medir onde começa cada traição.
“Se você ama alguém, não quer machucar esta pessoa. Eu e meu marido consideramos inaceitável! Vivemos e superamos todas as crises juntos”, diz Daniela Daher, 30, casada há oito anos com Ryan.
Já Nery Rosangela, empresária de 59 anos, vai além. Para ela, a infidelidade não precisa ser carnal. Pensamento, imaginação e, até, sonho, já o são. “Por isso, acredito que todos já traíram”, conclui ela. 
Fernanda Cristóvão, relações públicas de 25 anos, é mais moderada: “Quando a traição ocorre antes do casamento e se deve a alguma insegurança, pode ser perdoada”, diz.
O coração
O fato é que a fidelidade está diretamente ligada às convenções sociais. Mesmo assim, só é traído quem espera algo de alguém, assim como só trai quem condiciona a felicidade a uma vida de paixão eterna.
Cada cabeça é uma sentença, diria o velho ditado. Mas nas coisas do amor e do perdão, nos parecemos muito mais com os outros do que imaginamos. Na maior parte das vezes, não aceitamos a mentira que nasce em uma infidelidade. Sofremos mais ou menos as mesmas dores.
Por isso, seja instigada pela emoção ou aventura, pela insatisfação ou desconfiança, o melhor caminho ainda é aceitar que as relações infiéis são muito mais um reflexo de nossa própria incapacidade em lidar com o outro do que motivada por eventos externos. E mudar.
"Ficar estagnado no sentimento de raiva, não permite que você evolua. Ao contrário disso, se você se responsabilizar pelos seus atos, poderá olhar de forma construtiva para o acontecido, e não repetir essa postura em outros momentos de sua vida", diz a psicóloga Helena Cardoso, blogueira de Babble em seu post sobre o tema (Para ler o texto completo, acesse: A outra - E quando você descobre que está sendo traída?).

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