sexta-feira, 10 de junho de 2011

No amor, arriscar é preciso


No amor, arriscar é preciso

Não, ainda não inventaram o seguro contra perdas e danos do amor. Nem por isso você vai deixar o coração guardadinho no local mais escondido do peito, certo? Arriscar é preciso – e o prêmio compensa
Melissa Diniz
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Trata-se de um paradoxo feminino do nosso tempo: ser feliz no amor é um dos maiores desejos das mulheres e também uma das últimas prioridades. Na frente dele costumam vir carreira, dinheiro, estudos... Por que será que a gente não se apaixona de vez pela ideia de jogar todas as fichas, mesmo sob o risco de perdê-las? É que, às vezes, nossas atitudes camuflam incertezas e medos – mas dá para se livrar de cada um deles.
E se ele não for o homem certo?
Para o psicólogo Thiago de Almeida, terapeuta de casais e autor de A Arte da Paquera: Inspirações à Realização Afetiva (Letras do Brasil), a alta seletividade é uma característica tipicamente feminina. “É próprio da mulher projetar em todo parceiro o futuro pai de seus filhos, ainda que esteja em um relacionamento casual. Por isso, sempre vai escolher muito.” Esse comportamento, que chega a ser instintivo, é ótimo para ajudar nas escolhas, mas pode fazer com que nunca ache um pretendente bom o bastante. Em vez de considerar se ele é ideal, vale mais se perguntar com quais características você pode conviver e com quais não pode. Não adianta pensar que quando casar sara, porque ninguém muda ninguém. “Há características que vêm com o tempo, como maturidade, estabilidade financeira e sucesso. Outras são extremamente pessoais e intransferíveis, como caráter e vontade de crescer. Isso não se conquista”, afirma a psicóloga e escritora Olga Tessari, autora de Dirija a sua Vida sem Medo (Letras Jurídicas).
E se eu me machucar?
O movimento natural para quem já sofreu demais por amor ou acolheu amigos desesperados de dor é recolher-se e concentrar-se na carreira. Assim a cabeça fica ocupada – mas a vontade de ser feliz no amor continuará lá, esperando um momento de fraqueza para pedir atenção. Há o risco também de acabar acreditando que não tem sorte nesse jogo e, por isso, nem vale a pena arriscar. Não é porque você sofreu com um que vai ser infeliz com todos. É preciso entender de onde vem tanto pessimismo – pode ser sinal de autoestima debilitada – e agir para neutralizar o inimigo interno. “Talvez você tenha se anulado nos relacionamentos anteriores para agradar ao outro e comece a perder a confiança em si mesma. Ou talvez acredite que ninguém poderá amar você do jeitinho que é”, diz Olga.
E se eu perder minha independência?
Para a psicoterapeuta Lidia Aratangy, autora de O Anel Que Tu Me Deste: o Casamento no Divã (Primavera Editorial), adiar o amor não é ruim, apenas comprova a evolução do papel feminino na sociedade. “As estatísticas apontam que as mulheres estão estudando mais e têm empregos melhores. Antes, casavam-se muito cedo e, quando não conseguiam, eram tachadas de solteironas. Hoje, a autonomia financeira e emocional é uma regra – ninguém quer viver à custa do marido. Por isso, é natural que a busca pelo sucesso profissional seja prioridade. O casamento pode esperar ou, aliás, nunca acontecer”, diz. A preocupação com a perda da independência é legítima também quando se vem de família controladora – o pai não queria que a filha trabalhasse, a mãe regulava demais os horários. Então, se você experimenta o gostinho de poder se bancar, teme voltar ao controle máximo. Há um período intermediário em que gostoso mesmo é cuidar de si mesma. O que não vale é deixar que esse pequeno prazer impeça você de compartilhar a vida com alguém. E se ele não quiser nada comigo? Houve um tempo em que era de bom-tom aguardar o pretendente feito uma princesa encastelada. Hoje, na conquista, temos direitos e deveres iguais. Quem quer um amor corre atrás. Se não acontecer, pense como uma profissional em busca de um excelente emprego: não é você que precisa se modificar para tentar se adequar; a empresa Homem S.A. é que deve servir aos seus interesses. “O segredo é procurar uma boa matéria-prima para que, com a convivência, um se amolde ao outro sem se fundirem”, diz Lidia.

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