Considerado
o “tempero do amor”, o ciúme, muitas vezes, pode ser uma ameaça a um
relacionamento saudável. Mas, até que ponto o ciúme pode ser bom para
uma relação?
O
psicólogo Thiago de Almeida, especialista no tratamento das
dificuldades do relacionamento amoroso, explica que o ciúme é um
conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado
e pode envolver sentimentos como medo, suspeição, desconfiança,
angústia, ansiedade, raiva, rejeição, indignação, constrangimento e
solidão, dentre outros, dependendo de cada pessoa.
“Todos nós cultivamos certo grau de ciúme. Pode-se ter ciúme de objetos, coisas, animais e pessoas, em diferentes intensidades e com relação ao mesmo objeto valorizado de múltiplas maneiras”.
O
especialista explica que toda relação pressupõe que haja certa
intensidade de ciúme e que, muitas vezes, ele pode ser saudável, pois
pode ser uma motivação para investir mais em si mesmo e no outro.
Inclusive, algumas pessoas associam o ciúme a um indício de
preocupação, amor e carinho. No entanto, esse sentimento, que parece ser
inofensivo, poderá descambar para um tipo de ciúme possessivo chamado patológico.
Como diferenciar o ciúme normal do patológico?
De
acordo com o psicólogo, quando o ciúme começa a atrapalhar a relação,
se tornando maior que o amor e respeito, é necessário que haja uma
reavaliação desse relacionamento. “‘Toda a relação amorosa, a princípio,
pressupõe um grau de ciúmes saudável, por assim dizer. O problema é quando esse ciúme passa da dose ideal e esboça contornos paranoicos”, explica.
O
psicólogo explica que o ciúme romântico, aquele que ocorre em
relacionamentos amorosos, é constitutivo da natureza humana, de modo que
todos nós seríamos ciumentos em maior ou em menor grau. “Ele pode
ocorrer em quaisquer tipos de relacionamentos, mas está comumente
associado aos relacionamentos amorosos”, explica.
Já
o ciúme patológico envolve o medo excessivo de perder o parceiro para
um rival, desconfiança excessiva e infundada, gerando significativos e
sérios conflitos. “O ciúme patológico pode causar inúmeros transtornos
no contexto de um relacionamento amoroso, podendo prejudicar, inclusive,
outros âmbitos da vida de uma pessoa, como o social, o profissional, o
familiar e o íntimo. Qualquer relação permeada pelo ciúme pode
se caracterizar por violência, e esse aspecto se engrandece quando o
ciúme é patológico”, esclarece.
Como lidar com o ciúme?
Almeida explica que é possível lidar com o ciúme de forma saudável, por meio da reflexão sobre esse sentimento. “A pergunta: ‘por que sinto que Fulano (a) é uma ameaça para o meu relacionamento?’
pode ser altamente reveladora. Se a pergunta for respondida com
sinceridade, o ciumento irá descobrir seus pontos fracos, aspectos
talvez primitivos de si mesmo que ele próprio desvaloriza, mas não
conseguiu desenvolver. Ao perceber isso, o ciumento pode buscar
fortalecer seus pontos fracos e se tornar uma pessoa mais completa,
melhorando, inclusive, sua autoestima”, aconselha.
O
especialista ainda explica que o ciúme pode ser um pretexto para
controlar o parceiro, o que pode prejudicar o seu bem-estar e até causar
o rompimento da relação. “Pessoas alvo de ciumentos sofrem tanto
emocionalmente, como fisicamente, pois muitas vezes são vítimas de
violência física, são profundamente afetados e acabam perdendo o humor,
assim como a capacidade de concentração, a energia, o trabalho e a
saúde, dentre outras coisas. Muitas vezes, o (a) parceiro (a) da relação
não aguenta tanta pressão e acaba se separando”.
Existe tratamento para o ciúme?
Assim
como as pessoas que são alvo de ciúme, o ciumento também sofre com esse
sentimento, pois elas permanecem ambivalentes entre o amor e a
desconfiança de seu parceiro. Almeida explica que os ciumentos conflitam
entre o medo de descobrir a infidelidade real dos seus parceiros e, não
ocorrendo a situação da infidelidade, descobrir que sofre de uma forma
de um delírio de ciúme. “Nesses casos, é importante a
ajuda de um profissional para ajudar o ciumento a ter controle sobre
seus sentimentos, pensamentos e ações”.
O
psicólogo esclarece que o tratamento para o ciúme excessivo visa
retomar a confiança do ciumento, visto que "por meio de observações
cotidianas e de casos clínicos, pode-se hipotetizar que, quando o homem
confia nele mesmo, tende a confiar no mundo e na (o) parceira (o)".
“As propostas psicoterapêuticas podem ser conduzidas no sentido de rever crenças limitantes e criar outras, mais saudáveis, elaborando feridas psíquicas. É necessário melhorar a autoestima da pessoa que sofre de ciúme patológico, rever sua estrutura familiar, seu relacionamento com figuras parentais e a visão que tem de si mesma, buscando fortalecer seus pontos fracos e valorizar seus pontos fortes”, conclui.
Dr.
Thiago de Almeida, psicólogo especialista no tratamento das
dificuldades do relacionamento amoroso e autor de vários livros sobre o
assunto.
Contato: http://www.thiagodealmeida.com.br/site/
Fontes:
http://www.istoe.com.br/reportagens/221485_O+LADO+TRAGICO+DO+CIUME
http://opiniaoenoticia.com.br/vida/comportamento/ciume-quando-o-sentimento-se-transforma-em-doenca/
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