E
quando o assunto é o perdão, a capacidade de reconstruir o relacionamento após
uma infidelidade vai depender de uma série de fatores, ligados à postura de
ambos os envolvidos após o ocorrido. A tendência para a vitimização do traído,
que diz ter perdoado, mas recorre ao fato a todo instante, é uma das atitudes
capazes de destruir a relação de vez, segundo alerta a psicóloga e escritora
Olga Tessari.
"É
comum que a pessoa não se conforme com a traição e continue a adotar o papel de
vítima, mesmo depois do perdão. Porém, isso só dificulta mais a reconciliação. É
importante pensar que ambos têm uma parcela de culpa no fato. Só assim haverá um
desejo mútuo de reconquista e, então, a página poderá ser realmente virada",
afirma Olga.
Outro
erro corriqueiro nos processos de reconciliação ocorre quando o casal envolve
outras pessoas nas suas decisões. Familiares, amigos, vizinhos e colegas de
trabalho podem acabar atrapalhando ao tentar ajudar. Para tanto, vale o velho
ditado: "Em briga de marido e mulher, ninguém mete a
colher".
"Muitas
vezes, os conselhos só servem para aumentar mágoas e conflitos. O casal deve
tentar virar a página sozinho, mas, caso não consiga, o ideal é procurar uma
ajuda profissional", alerta.
Já
entre os que procuram equacionar liberdade e compromisso, como bradou Raul
Seixas em suas canções "A Maçã" e "Medo da Chuva", o mais importante, segundo
especialistas, é reconhecer se ambos realmente concordam com a premissa de uma
relação aberta. Muitas vezes é comum que um dos envolvidos aceite o acordo
apenas "entre aspas", motivado pela pressão do parceiro.
"No
caso das relações abertas, vai depender de como o casal lida com a decisão. Em
geral, eles até contam um para o outro e aproveitam a experiência para melhorar
a relação. Mas é preciso que o acordo seja muito bem resolvido para não haver
arrependimento depois."
(JG)
(JG)
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Infidelidade
Além
das crises conjugais, há inúmeros outros fatores que levam à traição. No estudo
desenvolvido pelo psicólogo Thiago de Almeida, pesquisador da Universidade de
São Paulo (USP), foram mapeados pelo menos oito, que vão desde carências até a
fantasia que muitos têm por trair (veja lista completa no site www.jornalpampulha.com.br).
Entre
os homens, a principal causa relatada se refere ao chamado "efeito novidade".
Segundo Thiago, ele é originado pelo mito de que o novo é sempre melhor que o
habitual e, além de estar ligado a um desejo de aventura, possui origens
biológicas.
"Existe
um complexo nervoso instalado no nosso cérebro que atua como um centro de
recompensas. Cada vez que você recebe um toque de alguém que gosta ou tem uma
recordação legal, automaticamente esse centro é ativado. E os nossos parceiros
também são capazes de fazer isso. Porém, com o tempo de relação, a tendência é
que os estímulos deixem de fazer efeito. Então, a pessoa pode passar a buscálos
numa relação extraconjugal", explica.
No
entanto, ele ressalta que a fidelidade é, antes de tudo, uma escolha, motivada
por aspectos culturais e não biológicos. "A fidelidade é uma questão de livre
arbítrio, que transcende as ações dos imperativos biológicos. A pesquisa mostra
que não somos marionetes dos nossos próprios sentimentos, somos capazes de
superá-los em prol de uma construção", pondera, citando que 90% das mulheres e
60% dos homens ouvidos afirmaram ser fiéis, mesmo tendo sido traídos
anteriormente.
Já
na infidelidade feminina, o fator vingança foi o motivo verificado em um terço
dos depoimentos. Segundo Almeida, a atitude está relacionada com a dor de ser
rejeitado. Para muitos, a descarga emocional gerada pelo fato é tamanha que só
conseguem elaborar a traição dando o troco. "É uma forma não-verbal de atingir o
parceiro, de machucá-lo."
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AS CAUSAS DA TRAIÇÃO
Durante
estudo, o psicólogo Thiago de Almeida, pesquisador da Universidade de São Paulo
(USP), listou os motivos que levam uma pessoa a trair.
Confira:
Vingança/retaliação
A
busca da vingança, quando na situação de traído, permite, em alguns casos, a
descarga emocional. Muitas vezes, é difícil elaborar a dor de ser rejeitado(a) e
toma-se a decisão de dar o troco, pagando na mesma moeda, ou seja, sendo infiel
também.
Prazer/fantasia
Algumas
pessoas sentem prazer com suas experiências de infidelidade. Usualmente, gostam
do que fazem e não pensam no bem-estar e na felicidade do outro. Normalmente,
são pessoas com um tipo de personalidade que rejeita a
monogamia.
Desespero/Problemas
sem controle
Pessoas
frágeis e/ou inseguras podem sentir-se tão infelizes e desapontadas por algum
problema ocorrido entre o casal que acabam por trair, mas depois, muitas se
arrependem desse descontrole emocional. Em muitos casos, quando isso acontece,
o(a) parceiro(a) traído(a) pode acabar com um sentimento de menos valia,
sentindo-se muito infeliz depois do acontecido.
Efeito
novidade (ou efeito Coolidge)
Pode-se
dizer que, em suma, na hora da traição o melhor costuma ser inimigo do bom,
porque há uma fantasia de que o tudo que é do outro é valorativamente melhor do
que o que nos pertence. Isso estaria relacionado com o que em Psicologia é
conhecido pelo nome de efeito Coolidge, ou ainda "efeito da vaca nova".
Carências
(física ou/e psicológica)
A
infidelidade pode ser motivada por falta de diálogo, carinho, amor, ou ainda
simplesmente como um passatempo na cama. Talvez isso elucide, em parte, porque
alguns parceiros mergulham de cabeça em outros relacionamentos.
História/
Modelos de vida
A
maioria dos fatores estaria relacionada às características do traidor e não do
traído. Por exemplo, o histórico familiar do mesmo exposto a modelos
comportamentais inadequados como, por exemplo, ter convivido com a traumática
experiência de ver o pai ou a mãe traindo um ao outro.
Pretexto
para término de relação
Os
casos costumam ser identificados pelos traídos como forma do outro comunicar que
quer sair do relacionamento. E os traídos ficam à distância, se martirizando e
pensando em estratégias alternativas para afastar rivais e recuperar os
parceiros. Para ambos os parceiros, esta racionalização é uma estratégia para
evitar o confronto com a realidade e esse adiamento, inevitavelmente, leva a um
aumento de desonestidade de ambos os lados.
Meia-idade
Para
o homem de meia-idade, deixar a mulher por outra bem mais jovem pode representar
um alimento para sua auto-estima, a reafirmação da própria potência, um modo de
se revitalizar. Essa mesma necessidade de se auto-afirmar como homem pode ainda
se expressar por uma verdadeira compulsão de buscar outras mulheres em grandes
quantidades.
Fonte:
"Ciúme romântico e infidelidade amorosa entre paulistanos: incidências e
relações", pesquisa do psicólogo Thiago de Almeida pela Universidade de São
Paulo (USP).
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