Total falta do sentimento pode gerar insegurança e sugerir desinteresse
Lugares-comuns como os que dizem que o ciúme é “tempero” ou “prova” de amor
partilham pelo menos duas coisas: muito apoio popular e nenhum respaldo
científico. Todo mundo já ouviu que o sentimento que corrói os namorados que se
sentem ameaçados não representa nada e, em geral, só faz mal. Mas isso não
significa que as pessoas simplesmente abram mão dele. Tem quem provoque ciúme no
parceiro só para se sentir querido. Tem quem reclame que o outro não se queixa
dos olhares interessados que atrai. Quando o assunto é ciúme, as coisas são mais
complicadas do que simplesmente certo e errado.
O psicólogo especialista em relacionamentos amorosos Thiago de Almeida lembra
que não, em nenhuma hipótese o ciúme significa necessariamente amor. Mas também
acredita que não basta conhecer o conceito para determinar o comportamento das
pessoas, visto que na prática não é assim que os casais vivem. “Aqui no Brasil
as atitudes de ciúme são benquistas pelas pessoas, servem de termômetro do
relacionamento. Mas costuma se tornar um problema para a relação”, diz. “A
valorização do ciúme é totalmente cultural. Ao longo dos tempos, essas
manifestações sempre foram malvistas e até sintoma de patologia”, completa ele.
Mas depois do romantismo, isso mudou. E só negar o ciúme não adianta nada.
A publicitária Carmen Oliveira Santos, 31 anos, admite que adora ver o
namorado se sentindo ameaçado. Ela repete o discurso de que ciúme demais
atrapalha, mas que um parceiro muito seguro a deixa desconfortável. “Admito que
às vezes faço questão de contar histórias sobre amigos, por exemplo, só para ver
a reação dele. Gosto quando ele reclama”, conta. Cruel? Paulo Otávio Menezes, o
namorado, acredita que sim. “Quando não é joguinho e eu realmente fico com
ciúme, ela reclama. Se não fico, ela reclama. Se peço para ela não usar uma
roupa, ela se ofende. É difícil acertar e ainda lidar com o ciúme que eu
realmente sinto”, desabafa.
Thiago conhece bem o paradoxo que a valorização da ideia do ciúme e os
desgastes reais de sua manifestação criam nos relacionamentos. O psicólogo conta
a história de um casal que o procurou por causa do ciúme excessivo do homem. Com
o tratamento, o paciente passou a entender melhor seu sentimento e não
demonstrava mais tanto incômodo. Quem ficou ciumenta, então, foi ela, insegura
com o novo comportamento do marido.
Como lidar com o ciúme
Como é muito difícil haver um casal em que os dois estejam totalmente livres do ciúme e do gostinho de ver o outro enciumado, o melhor é aprender a lidar com o sentimento. Thiago Almeida explica quando a falta de ciúme pode ser, sim, um sinal de que as coisas vão mal. E conta que existe uma faceta positiva para o sentimento.
Segundo o psicólogo, é normal que as pessoas invistam mais no parceiro no início do relacionamento e que depois de algum tempo a intensidade diminua. Mas, lembrando que ciúme nunca é sinônimo de amor, ele diz que um parceiro ciumento, que deixa de se importar, pode ser corretamente interpretado como desinteressado. “Você pode perceber nitidamente que a mulher avalia mais a relação passado/presente do que o homem. Existe uma correspondência direta na manifestação de interesse do outro, que pode ser uma representação de possessividade apenas. Mas, se existia ciúme e míngua, pode ser sim sinal de desinteresse”. Neste caso, achar que a falta desse sentimento é um problema pode ser um diagnóstico correto.
Mas em geral, sentir, cobrar e manifestar ciúme são atitudes que só atrapalham a relação. Quando Carmen Oliveira se torna a ciumenta do casal, Paulo reclama. E pior: diz que ela acaba abrindo os olhos dele para mulheres que nem tinha notado. O psicólogo concorda. “Os parceiros ciumentos acabam sensibilizando o outro para interesses que eles não tinham”, diz. Tiro pela culatra.
O segredo, mais uma vez, é evitar manifestações mais agressivas, como regular roupas e lugares. “O que não pode é o outro assumir o seu livre-arbítrio, e o que é pior, supostamente autorizado pelo amor. Isso já é sinal de violência amorosa”.
Mas, se o ciúme for inevitável, Thiago dá um conselho para usá-lo a favor do relacionamento. “Tem sim a possibilidade de trazer algo que acrescente. Quando você percebe que existem coisas que faltam em você e podem ser motivo para o parceiro debandar para uma relação paralela, pode investir para melhorar a si mesmo e a relação. Se ela gosta de homens malhados, por exemplo, ele pode caprichar na academia, se ele gosta de mulheres bem vestidas, ela pode se arrumar para ele”, ensina. No fim, talvez seja verdade que quem ama, cuida. Nem que seja de si mesmo.
Como é muito difícil haver um casal em que os dois estejam totalmente livres do ciúme e do gostinho de ver o outro enciumado, o melhor é aprender a lidar com o sentimento. Thiago Almeida explica quando a falta de ciúme pode ser, sim, um sinal de que as coisas vão mal. E conta que existe uma faceta positiva para o sentimento.
Segundo o psicólogo, é normal que as pessoas invistam mais no parceiro no início do relacionamento e que depois de algum tempo a intensidade diminua. Mas, lembrando que ciúme nunca é sinônimo de amor, ele diz que um parceiro ciumento, que deixa de se importar, pode ser corretamente interpretado como desinteressado. “Você pode perceber nitidamente que a mulher avalia mais a relação passado/presente do que o homem. Existe uma correspondência direta na manifestação de interesse do outro, que pode ser uma representação de possessividade apenas. Mas, se existia ciúme e míngua, pode ser sim sinal de desinteresse”. Neste caso, achar que a falta desse sentimento é um problema pode ser um diagnóstico correto.
Mas em geral, sentir, cobrar e manifestar ciúme são atitudes que só atrapalham a relação. Quando Carmen Oliveira se torna a ciumenta do casal, Paulo reclama. E pior: diz que ela acaba abrindo os olhos dele para mulheres que nem tinha notado. O psicólogo concorda. “Os parceiros ciumentos acabam sensibilizando o outro para interesses que eles não tinham”, diz. Tiro pela culatra.
O segredo, mais uma vez, é evitar manifestações mais agressivas, como regular roupas e lugares. “O que não pode é o outro assumir o seu livre-arbítrio, e o que é pior, supostamente autorizado pelo amor. Isso já é sinal de violência amorosa”.
Mas, se o ciúme for inevitável, Thiago dá um conselho para usá-lo a favor do relacionamento. “Tem sim a possibilidade de trazer algo que acrescente. Quando você percebe que existem coisas que faltam em você e podem ser motivo para o parceiro debandar para uma relação paralela, pode investir para melhorar a si mesmo e a relação. Se ela gosta de homens malhados, por exemplo, ele pode caprichar na academia, se ele gosta de mulheres bem vestidas, ela pode se arrumar para ele”, ensina. No fim, talvez seja verdade que quem ama, cuida. Nem que seja de si mesmo.
Muito bom o texto...sempre postando coisas super interessantes sobre o assunto..Parabéns!!!
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