Frequentemente observa-se que, o dia-a-dia do casal
proporciona uma intimidade afetiva tão grande que permite aos casais desprender
algumas preocupações da vida a dois e com isso, a rotina silenciosamente se
instala na vida deles. A rotina é um termo que sinaliza o hábito de reproduzir uma
sequência de usos ou atos que se repetem de forma mecânica. Contudo, ao
contrário do que muitas pessoas podem imaginar, nem toda rotina é prejudicial, tampouco toda a rotina é monótona. Claro que como em um grande enredo, a rotina
é frequentemente acusada de ser a vilã das separações e, muitas vezes a grande
responsável pelo comportamento da infidelidade. Assim fica fácil, né? Jogar na
rotina a culpa dos comportamentos disfuncionais. Não é raro ouvirmos frases como “Nosso
casamento não resistiu à rotina”; “a monotonia acabou com o sonho”. Verbalizações
como essas são comuns e frequentes dos recém-separados e, em parceiros infiéis,
como se a responsabilidade de conduzir um relacionamento salutar estivesse fora
do alcance deles. Importante ressaltar que a monotonia não entrou a vida dos
casais de forma sorrateira e invasiva. Ela nasceu da maneira como foi vivida a
relação. É como uma doença que não foi detectada a tempo ou não foi tratada com
competência e, por isso, cresce e traz consequências maléficas.
Monotonia é uma palavra que etimologicamente quer dizer o mesmo tom, ainda que temos à
disposição uma grande variedade de tantos outros, um verdadeiro arco-íris. A
palavra monotonia remete à metáfora auditiva, então vale a pena lembrar que o
ouvido humano normal é capaz de perceber sons de frequências entre 15 mil e 25
mil hertz, o que lhe permite transmitir ao cérebro uma imensa quantidade de
sons porque este precisa disso para se conectar com o seu entorno, e assim,
poder compreendê-lo. Que injusto com a biologia, psicologia, ou mesmo com a
poesia, aprisionar alguém a uma quantidade restrita de tons. Com esse prisma
entendemos a monotonia como desumana e destrutiva não só para os
relacionamentos afetivos, mas para a própria vida. Com a monotonia, erros de
interpretações e crenças afloram de tal forma que fazem os casais acreditarem
piamente que entrar naquela relação foi um erro. Pensamentos ruminativos
crescem e afastam as pessoas uma das outras dentro das relações ao invés de
encaminhá-las para serem felizes juntas e unidas por um mesmo ideal.
Dessa forma, por acreditar que
a monotonia está presente em qualquer relacionamento, desencadeamos nos
parceiros um conformismo tão grande que os impedem desfrutar de uma relação
leve que proporciona cada vez mais distanciamento, mágoas e sofrimento.
Se de um lado monotonia é uma figura de linguagem que
designa o hábito de fazer uma sequência de usos ou atos
que se faz cotidianamente de forma mecânica, a rotina derivada do francês
“route”, etimologicamente significa caminho. Assim sendo, o problema não está na rotina, mas sim na
monotonia. Acredito que de forma leiga todos nós achávamos que rotina e
monotonia fossem a mesma coisa, entretanto diante das definições percebemos ser
substantivos distintos. Veja que interessante, a rotina monótona difere da
monotonia rotineira. A primeira precisa apenas de
mudança de atitude, já a segunda, necessita de intervenção e de
tratamento. Por exemplo, uma relação
afetiva de alguns anos, deteriora-se quando não se renova, quando se permite
que entre nos trilhos da monotonia. E assim, entra-se numa espécie de morte
lenta. Muitas infelicidades, crises conjugais, e decepções são provocadas por
esse fenômeno.
Diferente do que muitos pensam, nem toda a rotina é
prejudicial ou leva a óbito uma relação. Ao contrário um grau equilibrado dela
é capaz de aperfeiçoar muitos processos do cotidiano. Responsável pelos
sentimentos de estabilidade e de segurança, a rotina nos beneficia por permitir
em cumprir de forma regular nossos deveres profissionais, familiares,
espirituais com regularidade, constância e pontualidade.
Sempre ouvimos dizer o quanto a
rotina era ruim, nem imaginávamos que a tão famosa rotina poderia ser
responsável em favorecer a edificação de uma estrutura de vida sólida. Ela cria
um comportamento homogêneo que nos ajuda a nos emancipar da espontaneidade
meramente anárquica, dos caprichos emocionais, por vezes, conflituosos e
perniciosos. Também proporciona aos
pares afetivos uma maior facilidade de organização espaço-temporal, e a liberta
do sentimento de estresse que uma rotina desequilibrada e desestruturada pode
causar.
Quando pensamos em estresse,
lembramos que sua definição está relacionada com a necessidade de adaptar-se as
situações novas. Quanto maior forem as
novidades e menor as adaptações, maior são as consequências excessivas do
estresse emocional. Imaginem só se a rotina não existisse? O ser humano gastaria muita energia e demais
recursos para compreender e acompanhar as novas realidades com as quais
interage, com sua energia exaurida, viveria mais perto das consequências
negativas do estresse emocional, dentre elas, impaciência, lapsos e memória,
apatia, depressão, pensamentos negativos, dores de estomago, aumento ou
diminuição de apetite, diarreia, entre outros.
Dependendo de como os casais lidam com sua
rotina, conseguimos avaliar em termos de durabilidade e satisfação. No caso de
entenderem que a rotina é boa e se estruturarem nela, casais apresentam grandes
chances de conviverem diariamente com um sem-número de
pequenas rotinas que podem consideradas fatores de satisfação na medida em que
se emana da relação comportamentos mais relacionados à sinergia que você tem
com sua mulher ou com seu marido, e não da segurança, dos filhos, do patrimônio,
das aparências. Veja esse vídeo e aprenda mais sobre o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante para mim. Colabore e comente o que achou sobre o texto que você leu. Ao Amor... Sempre!!