O ciúme é um sentimento que
cega e leva pessoas a terem reações agressivas. Entenda como lidar com essa
situação quando uma criança está envolvida nisso
Por
Juliana Borges - 22/06/2017
O caso da menina Isabella Nardoni, morta aos 9
anos, em São Paulo, continua mexendo com a opinião pública. Isso porque as
investigações trouxeram à tona há alguns anos o possível motivo do crime:
ciúme. Mas que sentimento é esse capaz de levar as pessoas a terem reações
agressivas?
Sentimento que cega
Falta de auto-estima e de amor próprio estão entre
as principais raízes do ciúme. A esses fatores, somam-se com frequência paixão
doentia e dependência emocional do outro. A pessoa ciumenta enxerga rivais reais
e imaginários em qualquer situação e os utiliza como desculpa para brigas. “O
ciúme acontece não só pelo medo da traição, mas também quando a atenção do par
é redirecionada a outra pessoa ou ao trabalho, por exemplo. Nesse caso, até um
filho pode ser visto como rival, pois quem é ciumento vai personificar a sua
insegurança na figura da criança”, explica Thiago de Almeida, psicólogo e
pesquisador da Universidade de São Paulo (USP).
Lembranças do passado
– No caso de padrastos e madrastas, o ciúme da
criança pode ser intensificado porque ela lembra que o par já teve um
compromisso anterior e é, muitas vezes, motivo para que haja conversas e
reencontros com o ex-cônjuge.
– Embora nada justifique a violência, em especial
contra os filhos ou enteados, o especialista acredita que o ciúme é capaz de
levar os adultos a reações agressivas e bastante irracionais. Essas atitudes
vão da negligência no cuidado com o pequeno até maus-tratos físicos, verbais e
emocionais, quando o ciumento tenta diminuir a auto-estima da criança.
– Por outro lado, o menino ou a menina pode medir
forças com os adultos e contribuir para os conflitos entre os casais. Isso
ocorre, principalmente, por falta de senso crítico dos pequenos ou devido
à insegurança diante da formação de uma nova família.
– “Às vezes, as crianças testam os pais e chegam ao
limite, ainda mais quando eles já estão estressados. Entretanto, é preciso
lembrar quem é o adulto da família e conversar de forma civilizada sobre os
problemas”, opina a psicopedagoga Betina Serson, especialista na relação entre
pais e filhos.
Para ter relações saudáveis e evitar reações agressivas
– Observe se há interações positivas entre a
família. Quando há disputa de atenção e o ciúme perde o controle, é necessário
procurar ajuda profissional.
– “Padrastos e madrastas ciumentos precisam
entender que a criança faz parte do passado, mas também do presente e do futuro
do par. A partir do momento em que decidem fazer parte dessa história, devem
respeitá-la e saber que a sua história não substitui ou se sobrepõe à outra,
mas que elas se somam”, destaca o psicólogo.
– Para Betina, é importante que padrastos e
madrastas falem como se sentem diante do enteado e da relação que o gerou. “O
casal deve discutir o assunto para que não haja interferências do relacionamento
anterior no atual, o contato com os ex-parceiros seja amigável e os filhos
sofram o mínimo possível”.
– Não permita que as crianças sejam usadas como
pivô das brigas ou desculpa para evitar separações. “Isso é muito ruim para
todos. O casal precisa ser pai e mãe, mas também ter vida própria, assumir suas
responsabilidades e discutir o que realmente = está por trás dos problemas”,
afirma a psicopedagoga Betina Serson.
Consultorias: Thiago de Almeida, psicólogo e
pesquisador da Universidade de São Paulo; Betina Serson, psicopedagoga, de São
Paulo
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