sábado, 4 de maio de 2013

A CRIANÇA CRESCEU


Data de publicação: 10/04/2013

O adolescente que durante a infância manteve com os pais um vínculo e relacionamento adequado, com afeto, segurança, limites e valores, tende a apresentar uma adolescência mais tranquila



Por Thiago de Almeida*



Muitas pessoas confundem adolescência com puberdade. Em linhas gerais, a puberdade é o período do desenvolvimento humano que ocorre a partir da primeira década de vida. É caracterizado pelas transformações físicas e biológicas, como a aquisição de caracteres sexuais secundários, como mudanças de voz, pigmentação dos pelos axilares e do rosto, no caso do gênero masculino. Nas meninas, a primeira menstruação e o desenvolvimento de mamas. No corpo dos meninos e meninas que levarão a criança a se tornar adulta, acrescida da capacidade de reprodução.



A adolescência é o período que ocorre por volta dos 12 anos até a segunda década da vida, uma transição entre a infância e a fase adulta. É também um notável período de desenvolvimento social e pessoal, para além das modificações físicas que acompanham a puberdade. Enquanto o fenômeno da puberdade é universal, considerando-se, claro, a diferença individual de cada ser humano, a adolescência pode ser considerada um recente produto ocidental e relacionado aos valores de cada cultura. Para ilustrar: um adolescente japonês da contemporaneidade, não pode ser comparado a um adolescente paulistano da década passada e nem mesmo dessa década. Dessa forma, independentemente da idade que são iniciadas ou concluídas as mudanças corpóreas, o processo de crescimento físico, que ocorre na puberdade, apresenta o mesmo perfil para os diferentes indivíduos, isto é, todas as pessoas são normais do ponto de vista maturativo e há muitas maneiras de ser normal.



Preparação para a vida adulta − O fenômeno da adolescência pode ser analisado sob os mais variados prismas, na tentativa de se compreender melhor a dinâmica envolvida na mesma, pois se faz necessário compreendê-la no âmbito de uma totalidade, pois não se pode compreendê-la estudando separadamente os aspectos biológicos, psicológicos, sociais ou culturais. De um modo genérico e pouco representativo, a adolescência é vista como um período preparatório para a fase adulta, pois, seguramente, esta fase não é apenas um momento de iniciação para a vida adulta, muito menos, um instante de recapitulação da infância passada, de toda a experiência acumulada e agora posta em ordem.



Por se tratar de uma fase difícil para os adolescentes, é importante que haja compreensão por parte de pais, professores e outros adultos. O acompanhamento e o diálogo neste período são fundamentais. Em casos de mudanças severas, comportamentais ou biológicas, é importante o acompanhamento de um médico ou psicólogo. Por vezes, com a boa intenção de educar, pais e professores se tornam muito rígidos e exigentes com os jovens que então se afastam pela própria característica da idade de não tolerar a sensação de serem dominados. Os pais podem não perceber, não reconhecer ou não aceitar as dificuldades emocionais em seus filhos, o que retardará frequentemente a atenção ao problema.



O histórico anterior do adolescente, sua infância, determina basicamente o que vai ocorrer nesta fase da vida. O adolescente que durante a infância manteve com os pais um vínculo e relacionamento adequado, com afeto, segurança, limites e valores, tende a apresentar uma adolescência mais tranquila. 



É bom que os pais procurem observar como está se desenvolvendo a sexualidade dos seus filhos. Esse é um assunto embaraçoso para a maioria dos adolescentes. No entanto, é bom também que procurem entender que filhos adolescentes têm necessidade de conversar sozinho com seus amigos e até profissionais especializados – médico, psicólogo – acerca desse assunto, o que não significa que os pais serão excluídos do processo de crescimento, mas que o jovem terá espaço e privacidade para manifestar seus receios e esclarecer suas dúvidas num ambiente onde procura ser acolhido no momento e da forma que achar mais apropriada.



Não compare seus filhos entre eles e com filhos dos outros. Comparação gera competição. Cada filho possui suas virtudes e suas dificuldades. E, acima de tudo, os pais não devem ter medo de impor limites. Como encaminhamento para a prevenção, vale a pena lembrar que a disciplina e os limites, embora necessários também para os jovens, são basicamente tarefas a serem desenvolvidas por pais e educadores com maior ênfase na infância. Para finalizar, vale a pena reforçar algumas características do adolescente e a atitude preferencial a ser mantida por pais e educadores. Regras claras e ponderadas são fundamentais para a incorporação de uma disciplina saudável.


Não compare seus filhos com filhos dos outros, comparação gera competição, cada filho tem suas virtudes e suas dificuldades. E, acima de tudo, os pais não devem ter medo de impor limites


* Thiago de Almeida é psicólogo, mestre pelo Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), professor universitário e consultor para os temas: amor, relacionamentos amorosos, dificuldades em relacionamentos amorosos, ciúme, timidez, problemas sexuais.

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