terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O triunfo dos tímidos

O triunfo dos tímidos

O triunfo dos tímidos

por Ana Pago. Fotografia de Rui Coutinho/GI
Não sendo doença, a timidez afeta grande parte da população mundial e interfere com a vida social e a capacidade de agir. Num mundo darwiniano, em que ganham só os mais fortes e os mais adaptáveis, ainda há lugar para os tímidos?
A ideia que o público faz de Lady Gaga enquanto mulher inabalável não coincide nada com a realidade. Na verdade, a cantora é reservada, enerva-se em festas e ao conhecer pessoas novas, inibe-se diante dos homens e pedia à mãe que a acompanhasse para ter coragem de atuar em bares. É verdade que ainda tinha 14 anos e usava o nome de Stefani Germanotta. Mas a timidez que já revelava podia ter matado a sua carreira. Como acontece sempre que o ciclo de ansiedade que a timidez origina não for quebrado. E, de facto, não havia nada na vida de Lady Gaga que a impedisse de ser a grande artista que hoje é, como o tempo veio a provar. A timidez, como sempre, era um obstáculo que estava apenas no seu pensamento.
Como acontece com todos os tímidos. As estatísticas revelam que cerca de oitenta por cento das pessoas viveram períodos de timidez fortemente marcada durante a infância e a adolescência, algumas resolveram-nas e mais de quarenta por cento continuam a descrever-se como tímidas no presente. «As pessoas socialmente ansiosas sentem que os outros pensam mal delas ou estão a julgá-las, e daí resulta o seu potencial para a humilhação e para o embaraço», explica a psicóloga clínica Gillian Butler, investigadora no departamento de psiquiatria da Universidade de Oxford e autora do livro Ultrapassar a Ansiedade Social e a Timidez. «Os tímidos sentem que as coisas que supõem que os outros estão a pensar são verdade. «Eles não me querem com eles. Eles pensam que eu sou esquisito. Eles não gostam de mim.» Assim, podem acreditar que são diferentes ou estranhos, que não se integram, e têm a certeza de que vão fazer alguma coisa embaraçosa ou absurda que vai revelar as suas inaptidões ou fazer que sejam rejeitados», resume Butler.
A questão da timidez está apenas no pensamento de quem a tem, mas como ocupa uma papel central na ansiedade, a compreensão desta parte do problema é essencial para conseguir vencer o medo, o nervosismo e a apreensão que a maioria das pessoas vive frequentemente nas suas relações com os outros. A dificuldade que se prende com os altos níveis de ansiedade é o facto de interferirem com as atividades comuns e com a capacidade de pôr planos em ação. «Uma certa dose de ansiedade é útil se se tiver de ir a uma entrevista ou fazer um exame: pode dar energia, motivação e ajudar à concentração.» Mais do que isso, impede que as pessoas façam aquilo que querem no imediato. E, a longo prazo, pode ter diferentes efeitos nas carreiras, nas relações pessoais, nas amizades, no trabalho, nas atividades de lazer e na qualidade de vida.
Ninguém gosta de se sentir angustiado, mas é possível viver bem com a timidez desde que se impeça que seja ela a dominar - roubando oportunidades que outros tomam por garantidas - e se tire partido dos pontos fortes de cada um. No caso de Lady Gaga, para contrariar aquele sentimento de nervosismo que a inibia de subir ao palco sem medo do escrutínio dos outros, mudou radicalmente a imagem, encarnando uma personagem confiante, destemida e segura do seu talento. Trocou o cabelo escorrido e o rosto juvenil por maquilhagem carregada e os modos de uma gata selvagem, capaz de levar tudo à frente, num assomo de energia criativa. Em vez de ganhar a vida cantando êxitos de terceiros (como fazia), transformou-se na diva loura que rivaliza com Madonna no palco e na estranheza do vestuário, que ou é escasso ou chocante. Para rematar, tornou-se a primeira pessoa a chegar aos 18 milhões de seguidores no Twitter (menos de um ano depois de ter batido o recorde dos dez milhões) e conta com mais de 46 milhões de fãs no Facebook.
Aprender a enfrentar os problemas resulta melhor, a longo prazo, do que atirar as culpas para outra pessoa ou evitá-los por medo de rejeição. Não é necessário conhecer tudo acerca do que causou o problema para descobrir qual a melhor maneira de o aliviar, até porque ninguém sabe exatamente definir a timidez. Cada pessoa tem uma perceção única daquilo que sente, razão por que terá também de ser ela a encontrar a sua própria receita para lidar com os desafios.
A infinidade de actores, cientistas, escritores, músicos, economistas, activistas e políticos tímidos que se destacaram nas suas áreas de actividade pelo mundo provam ser possível viver a vida que sempre se sonhou ter, apesar dos constrangimentos. Ninguém diria, por exemplo, que Rui Unas é tímido. Ele explora bem a imagem de homem extrovertido, irrequieto, nada acanhado a falar de temas constrangedores ou a inventar piadas porcas. «Publicamente, a minha persona laboral está nos antípodas da timidez», diz o apresentador, autor, produtor e ator de 37 anos. Assim mostra a forma como se apresentava no Cabaret da Coxa, na SIC Radical, em que aparecia desbocado e rodeado de mulheres nuas e de um papagaio que dizia asneiras. E também, logo de início, as conversas picantes que tinha com senhoras cinquentonas, aos 19 anos e quando começou na Rádio Seixal. «Parece contraditório mas eu gosto de comunicar, de falar com pessoas. Num registo profissional, não sinto qualquer dificuldade em fazê-lo», diz.
Mas a verdade é que Rui não gosta de ser o centro das atenções. Não bebe, não gosta de sair até de madrugada, não se obriga a marcar presença nas festas de social [a sua agente insiste para ele deixar de ser bicho do mato, mas o desconforto é grande]. Prefere passar despercebido e é reservado a falar para muita gente, e diz que isso é por vezes confundido com arrogância ou pretensiosismo. «Na adolescência, a timidez até funcionava na hora de arranjar namoradas, e comecei a utilizar o humor para me afirmar nos meus grupos de amigos», conta Unas. A tática foi aperfeiçoada com tal requinte que ainda hoje, nos momentos em que se sente mais nervoso ou inseguro, é quando dá por si mais rebelde e extrovertido. «A determinada altura, a única opção é baixar totalmente as defesas, ficar imune à autocrítica, como se saltasse de bungee jump. Claro que há que ter uma segurança para não nos estatelarmos ao comprido, no meu caso a corda é o bom senso», diz. Quando não há câmaras, o treino também o ajuda a superar-se: «Basta fazer um clique e ser um bocadinho a pessoa da televisão. Que no fundo sou eu também, não é um falso Rui, mas descobri-o através da minha actividade profissional.»
Esta é a mesma estratégia de Maria Rueff, outra tímida inusitada. «Mesmo quando estou à civil, fora do meu ambiente familiar, sirvo-me de um lado mais histriónico para enfrentar as pessoas. Sou timidíssima.» Ainda miúda encarnou o papel de palhaço de serviço da família: um modo de chamar a atenção, disfarçando a dificuldade em socializar-se. Passou a ser essa a sua âncora para chegar aos outros e lidar com os fãs, já que não tem manhas e se aflige com a competitividade e os olhos postos nela. «Continuo a ser como nasci, a ter nervos, ansiedade, a roer as unhas. Mas sou privilegiada por fazer o que gosto com quem gosto. O humor só se faz bem em família e a mim ajuda-me imenso por ser como sou», admite, feliz com o êxito deEstado de Graça (programa humorístico da RTP1) e com o facto de ter acabado a peça A Fuga em Lisboa e preparar-se para entrar em tournée. Ser atriz nunca foi objetivo seu: incapaz de ultrapassar a barreira de ir a castings por detestar a pressão de mostrar o que vale em cinco minutos, as coisas aconteceram-lhe naturalmente, convidada uma e outra vez por responsáveis que a viam atuar e adoravam o estilo.
Esta forma de ultrapassar a timidez não é rara. Foi descrita pelo escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo na sua crónica Da Timidez. «O extrovertido faz questão de chamar atenção para a sua extroversão, assim ninguém descobre a sua timidez. O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele. Vive acossado pela catástrofe possível: vai tropeçar e cair, vai descobrir que estava com a braguilha aberta o tempo todo. E tem a certeza de que, cedo ou tarde, vai acontecer o que o tímido mais teme e lhe tira o sono: alguém vai passar-lhe a palavra.» Aos 75 anos, a timidez ainda atrapalha Veríssimo, na comunicação - que não é escrita - com os outros e na vida social. E ainda mais no Brasil, um país que não é conhecido pela sua timidez. «Todo o mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os mais salientes», explica, na sua crónica, defendendo a tese de que não adianta um tímido tentar convencer-se de que só tem problemas com multidões, já que duas pessoas são uma multidão para ele.
Não é difícil encontrar tímidos. Luís Filipe Borges, 34 anos de nervoso miudinho bem disfarçado, é um dos anfitriões e guionistas do programa 5 para a Meia-Noite e recorda-se do momento preciso em que deixou de ser um tímido introvertido para passar a tímido extrovertido: estava ele a começar o seu segundo ano em Direito quando o grupo de teatro da faculdade, Direito Cénico, abriu inscrições e acabaria por escolher meia dúzia de pessoas. «Foi o teatro universitário, essa enriquecedora experiência de sete anos (ainda lá fiquei uns anitos após terminar o curso), com algumas centenas de espetáculos e muitas viagens, que me fez dar o salto no que à timidez diz respeito», adianta o apresentador e comediante, eternamente agradecido aos colegas que o inscreveram no último dia do prazo, sem imaginarem que seria esse traquejo a permitir-lhe separar a timidez pessoal do trabalho. «Encarar o meu ofício como uma paixão e não como emprego também ajuda, além de que, no caso concreto dos diretos de TV ou nas situações perante plateias, sinto sempre uma injeção de adrenalina que me transforma numa espécie de versão melhorada: os nervos antes do evento existem como da primeira vez, mas depois basta ouvir o genérico ou o aplauso e até esqueço que sou fumador. É para fazer, é para fazer», ri-se.
Hoje é raro Luís corar, exceto se lhe acontece recordar alguns dos momentos da juventude que o fizeram ficar afogueado. «Penso que foi esta profunda timidez, aliada ao facto de ser açoriano de uma pequena ilha com setenta mil habitantes (a Terceira), aquilo que inconscientemente me fez defender através das palavras escritas.» Apaixonou-se pela leitura e pela ideia de escrever para viver ao sentir-se impedido de abordar as meninas bonitas, que o intimidavam. Ainda agora, quando entrevista alguém que admira, faz questão de assumir essa faceta e conversar um pouco com a pessoa antes de tudo começar, de forma a quebrar o gelo e impedir-se de corar logo na primeira pergunta. «Se for uma situação particularmente difícil, penso em quem me queira mal e vou, uma espécie de "ai é?" invisível. Motivo-me através de um desafio que lanço a mim mesmo: provar que tenho de ser capaz», confidencia. De resto, naquele que se tornou o seu quotidiano profissional normal, deixou de precisar de táticas porque os tímidos, à medida que vão ganhando traquejo, duvidam cada vez menos de si. A existência nem sempre é fácil e eles sentem-no na pele, mas para a maioria, no fim, o triunfo sobre os seus próprios medos é um convite ao descanso.
Atualmente, aceita-se como principais causas da timidez os fatores biológicos como o temperamento ou o sistema de alerta com que nascemos, as vivências de infância e as relações com os pais, as oportunidades de aprendizagem social, as experiências más ou traumáticas, a dificuldade em lidar com as exigências de diferentes fases da vida, as pressões que afetam as relações com os outros e a experiência de se ser avaliado, elogiado ou criticado. Numa época de domínio da imagem, dos reality shows e do imediatismo, em que a regra é aparecer a qualquer preço, são os tímidos quem mais sofre. «Perdemos a tolerância com quem precisa de mais tempo para tomar as suas decisões e essa é justamente uma das características dos tímidos», constata Bernardo Carducci, director do Instituto de Pesquisa da Timidez da Universidade de Indiana e autor do best-sellerTimidez. No topo das situações mais constrangedoras conta-se falar em público, ser elogiado, pedir aumentos ao chefe, fazer reclamações e negociar preços.
Ainda assim, a timidez tem vantagens: ao mesmo tempo que existe menos propensão para internamentos e acidentes, o tímido mantém melhor as relações afetivas, pensa com mais cuidado, tem maiores capacidades de liderança porque ouve e implementa ideias dos outros, concentra-se no essencial e é mais produtivo a organizar os locais de trabalho. É o caso de Filipe Silva Santos, um empresário de 39 anos e espírito pragmático e que foi simultaneamente criador e cogestor de alguns projetos na área da restauração e diversão noturna: o Theatro Circo Café e o Colinatrum Café, em Braga, além da segunda temporada deQuanto Baste, em Esposende. Abandonou entretanto esta atividade para se dedicar em exclusivo às funções de técnico, comercial e sócio gerente da JPrudêncio, empresa de impermeabilizações. Sempre teve dificuldade em socializar. «Uma vez, o meu pai perguntou-me, e aos meus irmãos, quem tinha feito determinada asneira. Corei, como acontece frequentemente, o que me condenou sem ser culpado. Nem oportunidade tive de retorquir», recorda. Como homem de negócios, arranjou ferramentas para ultrapassar a timidez. Sabe ser formal e abordar assuntos profissionais que domina, mas também tira partido da timidez deixando o interlocutor desprevenido para uma possível reação que não esperava. «A atitude empresarial é, não raras vezes, combatente e competitiva. Não há espaço para timidez quando se trata de rematar à baliza.» Concentra-se no que tem de fazer e obriga-se a agir, sem demasiadas considerações ou conjeturas, isto além de evitar situações que lhe causem demasiado constrangimento, como falar para grandes plateias. «Deixei de sofrer por antecipação. Na maior parte das vezes reagimos melhor do que imaginamos e o pior é a ansiedade de pensar de mais nas situações problemáticas que temos pela frente», diz.
Esta forma de evolução faz também parte da história da timidez: existe desde os primórdios e terá contribuído para a evolução da humanidade, de outro modo não teria resistido como traço de personalidade. Alguns cientistas que estudam o comportamento animal associam a timidez ao instinto de lutar ou fugir dos primeiros homens diante dos predadores: mesmo que um deles sucumbisse ao atacar a fera, a fuga dos outros garantia a sobrevivência da espécie. «A exemplo deles, sentimos que qualquer aproximação perigosa para a nossa integridade moral ou física deve ser evitada e é isso que fazemos», observa o psicólogo e investigador Thiago de Almeida, especialista em relacionamentos amorosos e consultor em gestão de recursos humanos e qualidade de vida. Basta substituir os mamutes e os leões de tempos antigos por um chefe inacessível, uma mulher deslumbrante que se quer convidar para sair, um grupo de ouvintes particularmente crítico ou um colega de trabalho mais agressivo.
DICAS SIMPLES PARA ULTRAPASSAR A TIMIDEZ
1. Escolha uma habilidade social de cada vez para praticar. Eventos sociais, falar em público, conquistar o sexo oposto.
2. Reserve tempo para aquilo de que gosta, que o interessa e em que é bom. Faça um esforço nessas áreas. Fazer cursos ajuda a melhorar habilidades e a socializar.
3. Aprenda a pensar de forma diferente: eu consigo. Isso traduz-se quase sempre numa mudança de reação diante das situações sociais.
4. Avance ao seu próprio ritmo, descobrindo o que funciona consigo.
5. Não arranje desculpas e recompense-se por cada pequena vitória.
6. Ria-se mais. Lembre-se de rir e leve a vida de modo mais leve.
7. Imagine para si o que diria ou faria em diversas situações.
8. Faça um teste de confiança todas as manhãs: pergunte as horas a um desconhecido, cumprimente o motorista do autocarro ou ofereça um café a um colega.
9. Anote num caderno as experiências do dia, sem esquecer as reações favoráveis das pessoas, os sentimentos, as emoções, as conquistas e as perceções face a cada teste.
10. Diga às pessoas que é tímido: evita que elas tenham de fingir que não o estão a ver corar e desviar os olhos ou, no caso de não ser dos que apresentam sinais físicos, que confundam a pose controlada com arrogância.
TÍMIDOS QUE FIZERAM HISTÓRIA
Albert Einstein - Foi uma criança tímida a tal ponto que se pensou que teria problemas mentais e, em adulto, continuou a ter dificuldade em expressar-se. Nada que o impedisse de desenvolver a Teoria da Relatividade nem de lutar contra a corrida ao armamento nos anos 1950.
Clara Barton - «Tímida como um rato, mas brava como um leão», assim era descrita a fundadora e primeira presidente da Cruz Vermelha americana, que foi ainda professora e enfermeira humanitária, dedicada a ajudar os outros.
Bob Dylan - Jovem tímido e introspetivo, o músico Eric Clapton dizia de Dylan não se lembrar de alguma vez o ter visto a conversar com alguém. Nem por isso a revista Rolling Stone deixou de o considerar o segundo melhor artista de todos os tempos, a seguir aos Beatles.
Brad Pitt - Discreto e tímido na sua vida pessoal, o ator contraria essa imagem no ecrã interpretando essencialmente personagens carismáticas e seguras de si.
Cher - Muito tímida no início da carreira, em que apenas conseguia subir ao palco com o marido por perto, a artista desabrochou e construiu uma carreira de sucesso como cantora, atriz, apresentadora e produtora cinematográfica e musical.
David Bowie - Exuberante, o comportamento de Bowie foi uma estratégia para lidar com o medo. «Sou terrivelmente tímido», declarou numa entrevista. «Então, exagerei para compensar. Pensei que se tivesse um tipo alarmante de reputação teria de aprender a defender-me e sair de mim mesmo.»
Julia Roberts - Na adolescência tinha vergonha de falar com os rapazes da sua idade e sempre imaginou que seria veterinária, não a atriz mais popular dos EUA. Ainda hoje fica vermelha em algumas situações e sente vergonha quando tem de filmar cenas de sexo no cinema.
Elvis Presley - Tímido e com dificuldade em fazer amigos, levava a viola para a escola para se sentir acompanhado e fez da música refúgio para o isolamento. Libertou-se mais tarde no palco, a dançar com os movimentos sensuais que enlouqueciam as mulheres e o elevaram a rei do rock.
George Harrison - Ficou conhecido como o Beatle tímido pelo caráter introspetivo e as poucas falas, mas a genialidade como guitarrista e a popularidade entre amigos venceram barreiras.
Jim Carrey - A facilidade em fazer os outros rir com as suas caretas é assombrosa, mas em criança o ator sofreu de timidez e falta de amigos. O humor foi decisivo para vingar no cinema e na vida.
Neil Armstrong - A sua timidez e tendência para a reflexão eram muitas vezes confundidas com arrogância pelos colegas, mas foi ele quem comandou a missão Apollo 11 e pisou pela primeira vez a superfície lunar naquele que foi um gigantesco passo para a humanidade.
Tom Hanks - A família vivia em mudança constante quando ele era criança, razão por que o ator cresceu tímido e com dificuldade em fazer amigos. O envolvimento no teatro ajudou-o a libertar-se e a fazer dele uma das figuras mais conceituadas de Hollywood.
Agatha Christie - Herdou a personalidade tímida da mãe, foi educada por ela num ambiente quase recluso e terá desistido de uma carreira na música por medo do palco. A escritora canalizou a criatividade para a escrita, tornando-se a autora mais vendida do mundo.
3 PERGUNTAS A... Maria de Lourdes Sola, psicóloga comportamental e cognitiva, especialista em transtornos de ansiedade
Qual a melhor forma de lidar com a timidez, sabendo que ela assume características e graus distintos consoante o tímido, a cultura a que pertence, a sua resistência, o ambiente, as ajudas que pede e outros factores?
_Para os amigos e familiares, a melhor forma de lidar com o tímido é respeitá-lo sem cobrança e sem enfatizar tal dificuldade, propiciando-lhe oportunidades de exposição gradativa. Já para o profissional (psicólogo), o trabalho é feito com o fortalecimento da autoestima, autoconfiança e assertividade, juntamente com um trabalho de exposição gradativa e contando por vezes com a colaboração do acompanhante terapêutico, um auxiliar do psicólogo que acompanha o paciente no trabalho de treino das habilidades sociais.
Ser tímido nem sempre é sinónimo de isolamento, solidão e afastamento...
_Não, mas uma pessoa tímida perde frequentemente oportunidades de emprego, de relacionamento afetivo e de participar em eventos que lhe poderiam render oportunidades. O tímido não está fadado ao fracasso, apenas terá menos oportunidade de ser feliz se não aprender a lidar com a sua timidez.
Qual o melhor conselho que se pode dar a um tímido num tempo e numa sociedade que privilegiam a oratória, a imagem e a resposta rápida - tudo coisas que o desfavorecem?
_Que procure ajuda terapêutica junto de um profissional de saúde, de preferência que tenha prática em trabalhar com comportamento humano (um analista de comportamento) para o dotar das estratégias adequadas que lhe permitam enfrentar e participar em eventos sociais sempre que possível. A timidez não irá evoluir necessariamente para uma fobia social, mas existe essa possibilidade. E a fobia é bem mais grave porque envolve respostas físicas intensas diante da aproximação de qualquer evento social, de modo que o isolamento, aí, trará muito mais prejuízos.

Um comentário:

  1. Adorei o texto. Sou uma pessoa muito tímida e já perdi várias oportunidades de emprego por causa disso. Vou tentar colocar em prática algumas das dicas que li aqui.

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