sábado, 12 de novembro de 2011

Caia Fora desta Furada




Foto da notícia Caia Fora desta Furada | Mulheres Empreendedoras07/11/2011

Caia fora desta furada

O medo do desconhecido é o que mantém unidas as pessoas em relações falidas. ? Elas preferem ficar em uma relação ruim,mas conhecida,do que uma desconhecida que pode ser melhor?,diz psiquiatra.

Gisele Bortoleto

Um texto atribuído ao poeta e dramaturgo inglês Willian Shakespeare (1564-1616) diz assim: ? Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém.Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim. E ter paciência para que a vida faça o resto.Eu aprendi que ignorar os fatos não os altera;que quando você planeja se nivelar com alguém,apenas está permitindo que essa pessoa continue a magoar você.?
Deveríamos tirar disso uma lição quando o assunto é relacionamento,em que os parceiros não são peças que se encaixam como num quebra-cabeças: ?Eu aprendi que não posso escolher como me sinto,mas posso escolher o que fazer a respeito?,diz o autor sobre como devemos agir se alguma coisa está nos fazendo mal.
Uma infinidade de parceiros,mesmo sabendo que o roteiro do filme não irá garantir um bom final,ainda hoje vive às voltas com separações e reconciliações e se contentam com migalhas.Na verdade, isso acontece porque esperamos que a simples condição de estar juntos- casados ou namorando ?resolva de modo mágico os problemas que aparecem nos nossos relacionamentos,e que o final será feliz como nos romances.
Pois saiba que não precisamos viver assim,podemos nós mesmos escrever o roteiro da vida que vamos levar. Para isso,o primeiro passo é nossa autovalorização,nos afastando da zona de conforto emocional que tanto nos faz sofrer,mesmo que não tenhamos consciência disso.
O psiquiatra e escritor Augusto Cury,recordista brasileiro de leitura entre os anos de 2001 e 2010,autor de livros como ? Dez Leis para Ser Feliz? e ? Nunca Desista de Seus Sonhos?(Ed. Sextante),diz que nada é tão belo quanto cultivar relações doentias.Isso não exige solução mágica: é necessário,segundo ele,educar a emoção,equipar o intelecto.
?Nada é tão belo quanto construir relações sociais saudáveis,fundamentadas em amor inteligente,elogio,apoio,diálogo,tranqüilidade,generosidade,investimento em sonhos e reconhecimento dos erros?,diz Cury. Nada é tão angustiante quanto construir relações saturadas de atritos,discórdias,cobranças,ansiedade,ciúme,controles ou medo da perda e insistir em se manter em uma relação assim.
O medo do desconhecido é o que mantém unidas as pessoas em relações falidas. ?Elas preferem ficar com uma relação ruim,mas conhecida,do que uma desconhecida que poderá ser melhor?,afirma o psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Py,autor de livros como ? A Felicidade é Aqui?, ?Saber Amar? e ?Olhar Acima do Horizonte?,(Ed. Rocco).
O resultado disso fatalmente será o sofrimento e a infelicidade .É certo que uma situação ruim obstrui e ocupa o espaço de uma possível relação boa. ?Tenha coragem de correr o risco,já que ele existe?,diz Py.Mas se avaliarmos corretamente o risco de forma racional,não haverá problemas.Eles irão ocorrer se a pessoa lidar com a situação de forma emocional.Os problemas do coração tendem a ser vistos emocionalmente,o que muitas vezes é um erro se considerarmos que a emoção engana.
Thiago de Almeida,psicólogo especialista em relacionamentos amorosos,autor do livro ? A arte da Paquera:Inspirações à Realização Afetiva(Ed. Letras do Brasil),diz que,quando estamos num relacionamento amoroso e as coisas não dão muito certo- no sentido de o outro não corresponder às nossas expectativas-,o que muitas vezes acontece é que a presença e aproximação do parceiro não se torna um fator benéfico- à medida que reforça essa aproximação intermitente.
Se você se enquadra em uma relação assim,saiba que está fazendo mais mal a si mesmo do que pode imaginar.Um relacionamento que não dá certo mas que ambas as partes insistem em perpetuar,pode causar danos psicológicos e ter até um impacto físico.Quando estamos em uma relação assim,varias idéias se formam em nossa cabeça.Há ?preguiça? de seguir para outro relacionamento ou mesmo ficar sozinho,por medo de sair da nossa zona de conforto psicológico que se forma.
? Avalie os prós e contras do parceiro e da relação? ,diz Almeida.Afaste os pensamentos negativos que irão surgir automaticamente,como: ? Só existe esta pessoa.? ?Estou velho demais para procurar uma coisa melhor?. ?O que os outros irão dizer se eu me separar?,entre outros tantos que fazem com que você se sabote e se mantenha em uma relação infeliz.
A psicanalista e escritora Beth Valentim,autora de livros como ?Essa tal felicidade?(Ed.Elevação) e ?Mequiel ? O caçador de Sonhos?,da editora Dunya,acredita que alguns casais insistem em ficar juntos porque possuem ?acertos? que não os deixa buscar a ?liberdade?. São pessoas que muitas vezes carregam o fardo do ?buraco afetivo? que,vazio,é preenchido com discórdia,brigas e reconciliações, e como algumas vezes,nesses casos,o sexo é bom quando fazem as pazes, ?vivem um relacionamento neurótico,entre tapas e beijos,que os fazem se sentir vivos?,explica Beth.
Essa sensação de agonia interior,segundo a psicanalista,pode levar a situações de desespero.Quem convive dessa maneira chega ao ponto de não mais se reconhecer.Perde a identidade e o objetivo de ser feliz é ínfimo perto do desejo de autodestruição. ?As doenças aparecem,as dores são até físicas,há problemas de estresse e uma melancolia profunda?,diz.
Certos casais terminam um namoro dessa maneira,por exemplo,e permanecem se encontrando vez por outra para discutir o passado.Precisam criar essas ciladas e inventam motivos para repassar essa doença,que só pode ser tratada em um consultório de psicoterapia. ? Trato de uma pessoa assim.Depois de seis meses que terminou o relacionamento o dois se esbarram e criam motivos de ciúme,coisas inventadas e fantasias para discutir uma relação que já passou?,explica Beth.E depois de ?aliviados?,e de maneira fantasiosa,alimentados por essa ?droga?,se despedem e descansam.
? O amor acontece em condições interpessoais,mas antes de amar alguém é preciso primeiro se amar?,diz a psicóloga Maria Amélia Mussi,terapeuta de casais e família.Essa é a condição para estabelecermos um relacionamento íntimo,estável e de boa qualidade.O amor é um sentimento que traz sensação boa,de paz e aconchego.
?Muitas vezes,as pessoas que não tem boa autoestima tendem a amar o oposto e a qualidade deste tipo de relação é duvidosa,ao passo que aquela que tem boa autoestima tende a construir relacionamentos amorosos melhores encaixados e mais gratificantes?,explica Maria Amélia.
Em vez de pedir amor,dê amor.Se não o receber de volta,significa que a relação afetiva acabou e não há o que fazer.
?Não nos casamos pensando em separação,mas quando isso acontece não devemos perder a esperança de encontrar um parceiro mais adeuqado?,diz.

Diário da Região,Revista Bem Estar , 21/08/2011

Apaixonada por 2 garotos e sem saber o que fazer

A primeira coisa a fazer, de acordo com o especialista, é identificar qual dos pretendentes se encaixa melhor no seu dia a dia
Coração dividido_Portal Liberal.com.br
Dicas de o que se deve fazer quando o coração está dividido
José Roberto Bueno/O Liberal
Você está ou já se "pegou" apaixonada por dois garotos ao mesmo tempo? Se a resposta for positiva, não se desespere. Apesar de a escolha parecer cruel, é possível acontecer. Quer saber como? Fique ligada nas dicas dadas pelo psicólogo e autor do livro "Arte da Paquera", Thiago de Almeida. 

A primeira coisa a fazer, de acordo com o especialista, é identificar qual dos pretendentes se encaixa melhor no seu dia a dia e nas suas necessidades. Então, risque da sua lista os caras que não atendem suas expectativas. 

Por exemplo: você está a fim de namorar ou só de ficar? Se sua intenção é um relacionamento sério, já dá para eliminar aqueles garotos que são uma graça, mas que você só vê na balada ou aparece só quando quer. 

Usar a razão também contribui na escolha do parceiro ideal. Você avalia objetivamente o que gosta em cada um dos pretendentes e, assim, entende melhor seus próprios sentimentos. Ajuda muito fazer uma listinha de qualidades e defeitos. 

Como? Faça duas colunas, uma com tudo que você gosta nele e todas as coisas fofas que o menino já fez ou falou. Na outra, escreva o que você não curte na personalidade dele e as discussões que tiveram. Coloque tudo na balança e veja qual tem mais chances de dar certo com você. 

"Podemos amar mais de uma pessoa de formas diferentes, mas o verdadeiro amor não deixa dúvidas. Nosso coração se fecha para outras opções no momento em que priorizamos um pretendente", afirma Almeida. 

Está difícil decidir?

Faz muito bem para o ego de qualquer garota ser disputada por dois meninos, não é? E tudo fica mais perfeito ainda quando um deles é o carinha dos seus sonhos. Mas e se os dois são tão gatos e fofos a ponto de conquistarem seu coração ao mesmo tempo? Então, afaste-se dos meninos por um tempo e aproveite a distância para pensar bastante no que você quer da vida. 

Se nenhum dos dois carinhas que se declararam para você é o seu príncipe encantado, não enrole os garotos. É melhor dizer a verdade, mas com cuidado para não magoá-los.

Agora, se com a distância você perceber que sente mais falta de um menino do que do outro, pode ser um sinal de que seu coração está perto de tomar uma decisão. 

Dispense o cara que...
...Não assume o relacionamento 
...Prefere os amigos 
...Não te dá espaço na casa dele 
...A palavra "nosso" não está no vocabulário dele 
...Ele se gaba por viver sozinho 
...Não conversa, só quer saber de agarrar 
...Paquera outras pessoas descaradamente 
...É famoso por suas conquistas 
...Só aparece quando quer e não a inclui nos seus planos futuros 
...Casamento? Namoro? Ele não conhece esta palavra, no máximo é "rolo" e olhe lá! 

Consultoria: Thiago de Almeida, psicólogo e autor de "A Arte da Paquera"/ Site www.todateen.uol.com.br 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sexo à primeira vista

A ideia de fazer sexo logo no primeiro encontro divide opiniões entre os maduros
Por Ilana Ramos
07/11/2011  

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Depois de conversar muito pela internet, vocês marcam o primeiro encontro, com direito a jantar e tudo. Na porta de casa um beijo, e aí? Alguns acham que transar no primeiro encontro está fora de cogitação, que acaba com a magia do encontro. Já outros, acham normal e apostam que pode até virar algo a mais, se houver sintonia entre o casal. O assunto é polêmico e as opiniões divergem muito. O sexo à primeira vista pode acontecer com qualquer casal que saia uma única vez e sinta a "química" para fazê-lo. Mas, e depois?

O sexo no primeiro encontro ainda é um assunto que precisa ser mais e melhor trabalhado na cabeça das pessoas que estão na faixa dos 50 anos. De acordo com o psicólogo especializado na área do tratamento das dificuldades do relacionamento amoroso e autor do livro "A arte da paquera: inspirações à realização afetiva", Thiago de Almeida, "o sexo no primeiro encontro não é tão comum na Geração X, pois muitos valores dela ainda são influenciados pelas gerações anteriores".

Embora muitos ainda relacionem o sexo no primeiro encontro à promiscuidade, especialmente feminina, quebrar o preconceito é a primeira barreira a ser vencida. E há quem diga isso por experiência própria, como é o caso de R.P.V., de 65 anos. "Mulher que transa no primeiro encontro, desde que esteja sóbria, é uma mulher que sabe satisfazer seus desejos, conscientemente. Ela sabe que está correndo o risco de não ser mais procurada mas quem não corre riscos permanecerá na marginalidade. Já transei no primeiro encontro mais de uma vez. Nunca me decepcionei. Essa transa pode virar um relacionamento sério, sim, mas isto não é regra geral. Se ambos se encontram em estado ímpar, a sintonia aconteceu, o coração balançou e ambos se entregaram de corpo e alma um ao outro, o resto é só alegria", garante ela.

Muita coisa mudou desde a época de nossos pais e encarar o sexo casual com naturalidade hoje é mais fácil do que antes, mesmo que ainda restem algumas sequelas do patriarcalismo de antigamente. "Durante seis mil anos, os homens dominaram a sociedade com seus valores. Foi apenas na década de 1970 que houve a grande revolução sexual feminina e os valores foram relativizados. Mas o homem ainda usa o sexo como afirmação e conquista, e a mulher com mais de 50 ainda encara o sexo de maneira quase lúdica embora tenha menos perspectivas de estabelecer um relacionamento", diz Thiago.

O sexo no primeiro encontro, para muitos casais, ainda pode funcionar quase como um rito de passagem na hora de definir se o encontro foi de fato bom ou não, mas nem todos são adeptos dessa prática. Para a aposentada de 60 anos, que prefere se identificar pelo seu apelido na Rede Maisde50, Amor Antigo, "o sexo no primeiro encontro detona tudo que poderia ser agradável e esperançoso nesta relação. Um 'Q' de mistério e dificuldade caem bem em qualquer situação. Sabe a história do proibido que é desejado? É por aí".

Edison Sutter, produtor rural, de 65 anos, diz que "a transa no primeiro encontro vai depender de como a gente se sinta com o nosso parceiro. Não preciso provar a minha masculinidade para ninguém, nem para mim mesmo. Se a gente se sentir confortável e confiante, tudo bem, se não, quem sabe no próximo? Se ela quer transar no primeiro encontro eu acho que consegui passar para ela confiança. Pensar mal de uma mulher que transa no primeiro encontro é algo ultrapassado para mim".

Sim, pode ser possível que o sexo à primeira vista venha a se tornar um relacionamento amoroso, mas o especialista em relacionamentos garante que não é comum. Para ele, "se perdêssemos mais tempo selecionando com quem nos relacionamos, a manutenção da conquista seria mais fácil. Muitos não observam esse aspecto e isso faz com que se separem por não saberem quem é a pessoa nem em que lugar irão alocá-la em suas vida. Esperando, o relacionamento ganha profundidade e familiaridade. Num primeiro encontro temos primeiras impressões e podem ser falsas. Mas é tudo questão de probabilidade. Pode ser que o relacionamento dê certo se esperarmos, mas pode ser que esperar só o afunde. Nunca teremos 100% de certeza, precisamos trabalhar com as probabilidades".

domingo, 6 de novembro de 2011

Perigosa obsessão

Perigosa obsessão

Há quem acredite que um pouco de ciúme não faz mal a ninguém. Mas, apesar de parecer normal em certos momentos, quando se torna exagerado, ele pode levar a atos violentos e até a assassinatos
Talita Boros
talita.boros@folhauniversal.com.br
O ciúme é um sentimento natural dos seres humanos. Todos nós cultivamos um pouco dele em nossas relações, e a maioria dos casais até convive bem com essa emoção. Quando fora de controle, porém, o ciúme pode levar pessoas a cometer atos extremos como violência física, tortura psicológica e até assassinato. A rotina de um ciumento patológico – considerado doente – envolve o medo de perder o parceiro, insegurança e desconfiança de rivais imaginários. Não faltam casos de relações afogadas em crises agudas de ciúme que terminaram em morte.

Thiago de Almeida, psicólogo especializado no tratamento das dificuldades nos relacionamentos amorosos, explica que o ciúme patológico ou obsessivo é baseado apenas em atitudes retalhadoras e em ações negativas para o relacionamento. “A pessoa obsessiva tem uma alta quantidade de comportamentos explosivos e intensos, como brigas. São sempre atitudes recorrentes”, afirma. Segundo o especialista, as características mais comuns das pessoas extremamente ciumentas são a insegurança e a baixa autoestima. “Todos nós somos ciumentos, mas os patológicos são os causadores de crimes”, completa.

Em março de 2009, Ana Cláudia Melo da Silva foi morta com mais de 20 facadas pelo marido, o ex-jogador do São Paulo Janken Evangelista, no apartamento do casal, no bairro Jardim da Saúde, zona sul de São Paulo. Horas antes do crime, Ana Cláudia havia recebido um convite do então goleiro do Santos, Fábio Costa, para assistir a uma partida do time contra o Corinthians. No mesmo dia, o ex-jogador Ronaldo, segundo Ministério Público Estadual, deu um beijo em Ana Claudia, o que também teria irritado o marido. A acusação garante que Janken agiu por ciúmes. Já a defesa, alega legítima defesa. O ex-jogador assumiu o crime e cumpre prisão preventiva em Tremembé (SP).

Outro caso que chocou o Brasil foi o de Paula de Souza Nogueira Farias, de 22 anos, torturada e queimada pelo ex-marido Neliton Carvalho da Silva, de 25 anos, na favela do Terreião, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro. Paula contou que Neliton a torturou por cerca de 4 horas, suspeitando que ela o tivesse traído. Ela teve pernas, braços e rosto queimados e a polícia confirmou que a violência foi causada por ciúmes. Além das queimaduras, o ex-marido escreveu o próprio nome nas costas da jovem, com uma faca quente. Paula sofreu todas as agressões na frente do filho.

A procuradora Luiza Nagib Eluf, em seu livro “A Paixão no Banco dos Réus – Casos Passionais Célebres: de Pontes Visgueiro a Pimenta Neves”, afirma que todo crime passional é cometido por ciúme. “Se não houver ciúme, não é chamado de passional. É o ciúme possessivo, machista e descontrolado. O termo passional vem de paixão. Esse sentimento, a paixão, pode ser amoroso ou pode decorrer do sofrimento e gerar ódio”, destaca. Segundo a procuradora, o amor verdadeiro não leva ao crime. “A violência extrema, que é o assassinato, somente ocorre quando o agente não ama o outro e fica possuído de um desejo de vingança decorrente do amor próprio ferido”, aponta. “Em sua relação com a parceira, o homicida passional somente enxerga a si próprio. Para ele, pouco importam as necessidades, os anseios, os sentimentos de sua parceira. Trata-se de uma pessoa autocentrada que vê na mulher o espelho de sua vaidade”, completa.



Segundo Kelen de Bernardi Pizol, psicóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP), além do patológico, existem outros dois tipos de ciúme: o normal e o excessivo. “O ciúme normal não é ruim. Ele funciona como um sensor de perigo da relação. Já o excessivo é aquele que a pessoa tem reações exageradas, mas que não ultrapassam a normalidade”, explica. Kelen afirma que o sentimento tem a ver com insegurança, com o modo em que a pessoa se vê, em como vê o parceiro e como ela enxerga o amor. De alguma forma, o enciumado acredita que está cuidando do parceiro e tomando conta da relação.

A assistente administrativo Claudia Ferreira, de 35 anos, lembra que brigava muito com o marido por causa de ciúmes. “Se ele colocava os óculos escuros, já achava que era para olhar alguém. Se o telefone tocava, eu já queria saber quem era”, conta. Hoje, depois de 5 anos de casamento, Claudia considera que superou o sentimento ruim e vive bem melhor com o marido. “A gente aprende a entender certas coisas. Hoje não brigamos mais”, afirma.

Para o escritor Ubiratan Rosa, autor do livro “Mais Amor, Menos Ciúme”, o ciúme é o instinto de posse ainda em pequeno grau de educação ou evolução espiritual, e é ligado por um forte impulso egoístico, quase sempre baseado em indícios imaginários, que realmente pode chegar a uma intensidade capaz de conduzir a crimes passionais. “Apenas com um equilíbrio saudável entre ciúme e confiança se pode ter certeza da devoção e do amor do parceiro.” Segundo ele, “vencer o ciúme” ou “curar o ciúme” são forças de expressão. “O possível é a vivência inteligente com ele, e, para isso, o sujeito precisa ter boa vontade e criar estratégias para o alívio dos tormentos do zelo excessivo. É indispensável um empenho contínuo no processo de autoconhecimento e transformação moral. Empenho esse que não dispensa a psicoterapia, e, não raro, a religião”, afirma.

O bancário Danilo Oliveira, de 23 anos, usa o humor para lidar com o ciúme da mulher, com quem é casado há 5 anos. “Quando chego em casa e ela pergunta onde eu estava, falo que estava com umas mulheres. Eu acho que é melhor assim, levar na brincadeira”, afirma. Oliveira acredita que um pouco de ciúme é bom, para mostrar que o outro se importa de verdade, mas nunca em excesso. “Eu sou liberal. Tenho ciúme normal, aquele que todo mundo tem. Assim é saudável”, completa.

Cleide Sales, analista de comunicação, de 29 anos, namora há 4 e assume que é ciumenta. “Tenho mais ciúmes dos amigos dele do que de mulher. Não gosto quando ele sai para a balada sozinho, só com eles. Coisa boa não é”, diz. “Acho que quando ele está sozinho e passa uma mulher, pode ser que nem olhe, mas na companhia dos amigos um cutuca o outro, sabe como é”, exemplifica.

O psicólogo Thiago Almeida diz que no Brasil essa ideia de que o ciúme funciona como termômetro do relacionamento é muito comum. “Erro nosso, isso não está certo”, destaca. O escritor Ubiratan Rosa concorda. “É mentira. O ciúme é o túmulo do amor. Não o tempera. Na verdade, tira-lhe o sabor, nunca o fortalece, mas o enfraquece, e, finalmente, o destrói”, ressalta.