segunda-feira, 16 de julho de 2012

Por que elas não resistem ao charme do mulherengo?

Nas novelas eles são romantizados, mas na vida real a coisa muda. Se quiser compromisso, fuja desse tipo

Ligia Helena, iG São Paulo | 
Divertido, charmoso e bem sucedido. Este é Cadinho, personagem interpretado pelo ator Alexandre Borges na novela "Avenida Brasil", da Rede Globo. A maior particularidade do personagem é o fato de ser casado com Verônica, mas também com Noêmia, e ter um relacionamento estável com Alexia – a única que sabe dessa confusão toda. Tem um filho com cada uma delas. Não abre mão de nenhum dos relacionamentos, mas não quer dividir suas mulheres com mais ninguém. É, sem dúvidas, um mulherengo.
Foto: Divulgação/TV GloboCadinho (Alexandre Borges) com Verônica (Deborah Bloch), uma de suas esposas: um raro mulherengo que se compromete
Mulherengos são personagens constantes na ficção. O mais famoso deles, Don Juan, seduzia as mulheres com promessas de amor e casamento, mas na verdade estava interessado apenas na conquista e em obter sexo. Depois de conseguir o que queria, abandonava a vítima da vez sem explicações. Sua fama é tão grande que batizou um transtorno psicológico: o Donjuanismo. Homens com este perfil sentem necessidade de seduzir constantemente, mas depois da conquista não veem mais graça na “vítima” e partem para a próxima.
“Cadinho é uma exceção no universo dos sedutores. Em geral o mulherengo não se casa”, diz Cláudio Paixão, psicólogo clínico e professor da Universidade Federal de Minas Gerais. “Mais comum é o que se esforça em manter as mulheres próximas e interessadas, mas não quer compromisso”, completa. 

Um homem que resiste ao compromisso é visto pelas mulheres como um desafio. E é por isso que muitas não resistem ao charme do mulherengo, mesmo conscientes do passado dele. “As mulheres costumam ser muito competitivas. Ao se deparar com um tipo mulherengo, elas acreditam que não vão passar pelo que as outras passaram, que com elas a história pode ser diferente”, explica o psicólogo Thiago de Almeida, especializado nas dificuldades do relacionamento amoroso
Foto: Divulgação/TV GloboCadinho (Alexandre Borges) beija a amante Alexia (Carolina Ferraz)
Para a decepção de muitas, dificilmente uma mulher consegue “consertar” um mulherengo. “Se envolver com esse tipo de homem é roubada. Pode ser bom para uma noite de prazer, uma aventura, mas não tenha expectativa de compromisso”, alerta Paixão. Se a vontade de mudar não partir dele, são poucas as chances de sucesso. Mas se o homem achar que vale a pena se comprometer, há salvação. “É preciso mudar a concepção do que é compromisso para este homem, além de trabalhar o medo da rejeição”, recomenda a psicóloga Milena Frankfurt. [comente]

 
Agora, mulherengos como Cadinho, que é mais atrapalhado do que mal-intencionado, só em ficção mesmo.

Existe hora certa para casar?

 

Qua, 23/02/2011 - 09h42 - Amor e Sexo

Existe hora certa para casar

Subir ao altar com a pessoa amada é o sonho de muitas mulheres, mas conseguir realizar essa façanha não é nada fácil. Homem pode ser um bicho escorregadio: você se distrai um segundo e, quando vai ver, ele escapou.
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Para que o homem amado se sinta empolgado para marcar o grande dia, algumas dicas são válidas.
No decorrer dos últimos séculos, as mulheres conquistaram direitos importantíssimos. Votar, trabalhar fora e escolher seus companheiros são algumas dessas vitórias. Por outro lado, algumas preferem manter a tradição em alguns pontos. Qual seria, por exemplo, a melhor maneira de demonstrar ao rapaz que é a hora de casar?
A consultora de relacionamentos, fundadora da agência A2 Encontros, Cláudya Toledo, garante que muitas coisas, além do amor, devem ser levadas em consideração antes de decidir se casar. "É essencial que se analise a compatibilidade em hábitos cotidianos, organização na gerência das contas, se o moço se mostra atencioso com as suas necessidades emocionais e também os planos individuais", afirma.
O especialista no tratamento das dificuldades nos relacionamentos amorosos, Thiago de Almeida, afirma: "Vivemos em uma sociedade, que apesar de ter mudado muito, continua machista. Mesmo assim, nada impede que a mulher proponha o casamento ao homem". A consultora de relacionamento Cida Santos opina: "A mulher deve conquistar o homem a tal ponto que ele não consiga imaginar a vida sem ela, e nessa hora o casamento acontecerá de forma natural e sem pressões".
Os três especialistas concordam que o assunto deve surgir naturalmente. E a convivência com a família de ambos ajuda a fazer com que as pessoas perguntem sobre as intenções do casal. "É importante que se tenha confiança para conversar com o parceiro sobre qualquer assunto", diz Thiago de Almeida.
Cláudya Toledo recomenda às mulheres candidatas a "esposa" que não permitam que o rapaz se acomode na condição de namorado. "Se o namoro ficou cômodo é difícil casar. A principal força do homem é ser guerreiro, não deixe ele se acostumar. Se ele dorme na sua casa na quinta, na sexta, no sábado e no domingo, e ainda não ajuda a pagar as contas, para que ele vai querer mudar?", questiona a consultora.
A fundadora da agência A2 Encontros sugere que o casamento ocorra enquanto há paixão. "O casamento deve acontecer quando a vida sexual está plenamente ativa. Entre um ano e um ano e meio de relacionamento. Se não, a vida sexual cai, a pessoa não se sente motivada a sair da rotina". O psicólogo e especialista Thiago de Almeida contrapõe: "É importante conhecer bem o parceiro, para que não haja arrependimento depois. O ideal é que se relacionem por no mínimo três anos, antes de decidirem se casar".


Para que o homem amado se sinta empolgado para marcar o grande dia, algumas dicas são válidas.No decorrer dos últimos séculos, as mulheres conquistaram direitos importantíssimos. Votar, trabalhar fora e escolher seus companheiros são algumas dessas vitórias. Por outro lado, algumas preferem manter a tradição em alguns pontos. Qual seria, por exemplo, a melhor maneira de demonstrar ao rapaz que é a hora de casar?

A consultora de relacionamentos, fundadora da agência A2 Encontros, Cláudya Toledo, garante que muitas coisas, além do amor, devem ser levadas em consideração antes de decidir se casar. "É essencial que se analise a compatibilidade em hábitos cotidianos, organização na gerência das contas, se o moço se mostra atencioso com as suas necessidades emocionais e também os planos individuais", afirma. O especialista no tratamento das dificuldades nos relacionamentos amorosos, Thiago de Almeida, afirma: "Vivemos em uma sociedade, que apesar de ter mudado muito, continua machista. Mesmo assim, nada impede que a mulher proponha o casamento ao homem". A consultora de relacionamento Cida Santos opina: "A mulher deve conquistar o homem a tal ponto que ele não consiga imaginar a vida sem ela, e nessa hora o casamento acontecerá de forma natural e sem pressões".Os três especialistas concordam que o assunto deve surgir naturalmente. E a convivência com a família de ambos ajuda a fazer com que as pessoas perguntem sobre as intenções do casal. "É importante que se tenha confiança para conversar com o parceiro sobre qualquer assunto", diz Thiago de Almeida.Cláudya Toledo recomenda às mulheres candidatas a "esposa" que não permitam que o rapaz se acomode na condição de namorado. "Se o namoro ficou cômodo é difícil casar. A principal força do homem é ser guerreiro, não deixe ele se acostumar. Se ele dorme na sua casa na quinta, na sexta, no sábado e no domingo, e ainda não ajuda a pagar as contas, para que ele vai querer mudar?", questiona a consultora.A fundadora da agência A2 Encontros sugere que o casamento ocorra enquanto há paixão. "O casamento deve acontecer quando a vida sexual está plenamente ativa. Entre um ano e um ano e meio de relacionamento. Se não, a vida sexual cai, a pessoa não se sente motivada a sair da rotina". O psicólogo e especialista Thiago de Almeida contrapõe: "É importante conhecer bem o parceiro, para que não haja arrependimento depois. O ideal é que se relacionem por no mínimo três anos, antes de decidirem se casar". É preciso ser cautelosa para que você não se arrependa de ter feito, ou de não ter feito algo. O importante é seguir o seu coração. Certamente vocês saberão o momento certo de oficializar a união. 

Fonte: vilamulher
Por Bianca de Souza (MBPress)

Você descobre que seu ex é gay!

Você descobre que seu ex é gay!
publicado em 18.6.11
O que acontece quando um membro de um casal hétero descobre ser gay, bi ou lésbica? Os dois lados da história contam

Sabe o papo de pé na bunda "o problema não é você, sou eu?"?

Às vezes, o problema é uma questão de incompatibilidade: um dos membros do casal hétero descobre que gosta de pessoas do mesmo sexo.

É comum que essa descoberta role na adolescência, diz o psicólogo da USP Thiago de Almeida. "É nessa época que se tem os primeiros relacionamentos profundos, que ajudam na definição", diz o psicólogo.

Definição foi o que aconteceu com a fotógrafa Lilian Fiudisaw, 23, aos 14 anos. Ela namorou Vicente, 24, por um ano.

Terminaram "por nada" e "não fez diferença nenhuma", porque seguiram como melhores amigos. Só que, menos de um ano depois, Vicente descobriu que era gay e contou a ela.

"Adorei! Em vez de sair do armário, ele me puxou para dentro", diz ela, que apresentou ao ex o cara que ele namora agora.
Depois da revelação, Lilian e Vicente até moraram juntos -cada um com seu quarto.

A situação de compreensão como essa é a ideal. Mas não é constante entre os pacientes do psicólogo Klecius Borges, especialista em gays. "É rejeição [o que o parceiro sente]. As respostas a isso são imprevisíveis."

Virna*, 19, por exemplo, acha que tem "dedo vara de condão", pois dois de três garotos que namorou "saíram do armário".

Passou 2007 sendo "mais mãe do que namorada" de João*, o primeiro. "Quando nos beijávamos, faltava paixão. O abraço dele não tinha aperto, e ele não fazia questão de... Achei que fosse porque ele era triste."

O menino se revelou depois que eles tinham terminado, porque foi fazer intercâmbio nos EUA -e escreveu de lá narrando as minúcias da sua "segunda primeira vez".

"Foi uma carta de amor, já que ele confiou em mim." De volta ao Brasil, o garoto disse à Folha que "sem ela, teria sido mais difícil [se assumir]".

Já o segundo ex-namorado gay, de 23 anos, largou-a há seis meses por um cara que ela diz se parecer muito com ele.

"Eles são tããão gatos juntos", lamenta-se Virna. Podem ser atraentes porque ela, inconscientemente, procura por homens gays, diz Klecius Borges. "Não é que pode ser?", diz ela.

Fábio*, 18, admite que se sentiu bastante atraído pela cena que sua namorada Liza*, 19, lhe narrou chorando no ano passado. De porre na festa do teatro, ela tinha beijado uma menina.

"Pensei que pudesse "sobrar" algo dessa crise para mim, tipo um convite." Ledo engano. Três meses depois da festa, tomou "um pé" da garota.

"Ele me xingou bastante", conta Liza. Ela diz que Fábio reagiu assim por achar que era "onda" ela ficar com meninas. Ela hoje namora uma moça e sai, só na amizade, com o ex .

Mas nem sempre a história termina em carinho. Há casos em que o amor passa ao ódio.

Tô de mal

Dos 15 aos 18, Léa* amou seu então namorado Paulo* -que amava em segredo Juca*, que era seu melhor amigo. Bom, isso era o que os garotos diziam em público, até confessarem a Léa, 19, que namoravam.

"O pior foi não ter sido a primeira a saber. Ele me contou depois de se assumir para a mãe!", diz ela, que acha que a raiva não vai se esvair nunca.

A fúria não vem da traição ter sido com um homem ("Acontece..."), e sim de "ter servido para ninguém da turma desconfiar".

É difícil que uma revelação dessas venha sem o sentimento de traição, mesmo que não sexual, diz Klecius Borges.

O psicólogo Almeida aconselha quem estiver no lugar de Léa a não se culpar pelo fim.

Isso implica em não pensar que a escolha do outro poderia ter sido evitada, fosse você mais magro, loura ou malhado.

"Não faltava alguma coisa ao parceiro largado, e sim a quem largou, que foi atrás disso e só quer ser feliz", diz Almeida.

Os dois especialistas recomendam apoio mútuo nessa hora. "Há mais amor do que quando namoramos", diz Virna -João, o ex, gay, confirma.


* Nomes fictícios
O ciúme pode trazer a possibilidade de algo que acrescente. Quando você percebe que existem coisas que faltam em você e podem ser motivo para o parceiro debandar para uma relação paralela, pode investir para melhorar a si mesmo e a relação. Se ela gosta de homens malhados, por exemplo, ele pode caprichar na academia, se ele gosta de mulheres bem vestidas, ela pode se arrumar para ele. No fim, talvez seja verdade que quem ama, cuida. Nem que seja de si mesmo.

O lado trágico do ciúme

Esse sentimento tão comum, quando excessivo, pode se tornar um quadro patológico e transformar histórias de amor em casos de agressão e morte, como aconteceu com a modelo em São Paulo

Flávio Costa, Natália Martino e Paula Rocha

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AMOR POSSESSIVO
Bruno César Ribeiro e Babila Marcos: por ciúme,
ele matou a mulher e ex-modelo a facadas
Uma história de amor iniciada há quatro anos que terminou em agressão e morte por ciúme excessivo. É assim que pode ser resumido o relacionamento do corretor de imóveis Bruno César Augusto Ribeiro, 30 anos, com sua mulher, a ex-modelo Babila Teixeira Marcos, 24. Após uma discussão regada a muita bebida alcoólica, Bruno matou Babila a facadas. Um dos golpes desferidos esfacelou a maçã direita do belo rosto da jovem, que jazia deitada na cama quando policiais entraram na casa do casal no bairro do Jabaquara, em São Paulo. No quarto ao lado, o filho de 2 anos dormia alheio à discussão dos pais. Bruno foi indiciado por homicídio qualificado e motivo torpe na semana passada. O derradeiro desentendimento do casal parecia apenas mais um entre tantos, geralmente motivados pelo ciúme exagerado dele. Logo no começo do namoro, Bruno proibiu Babila de seguir trabalhando como modelo. Não satisfeito, escolhia as roupas que a mulher poderia vestir e a afastou dos amigos de São Bernardo do Campo, município do ABC paulista onde ela nasceu e se criou. “Ele a exibia como se fosse troféu. Um objeto que ele poderia usufruir quando quisesse”, afirma o comerciante Alexandre Marcos, pai da ex-modelo, que tem uma distribuidora de água mineral onde a filha trabalhava. 

Considerado por muitos o “tempero das relações”, o ciúme é um sentimento comum a quase todos os humanos e pode até mesmo ter desempenhado papel fundamental na evolução da espécie. Segundo teorias da psicologia evolucionista, é uma característica biológica que herdamos de nossos ancestrais, que usaram esse sentimento como um mecanismo de sobrevivência. “As mulheres das cavernas sentiam ciúme de seus machos para que eles não copulassem com outras fêmeas, o que colocaria em risco a sua própria prole.

Já os homens usavam o ciúme como uma forma de garantir que a parceira não geraria filhos de outros machos”, diz o psicólogo Thiago de Almeida, especializado em relações difíceis e autor do livro “Ciúme e Suas Consequências para os Relacionamentos Amorosos” (Editora Certa). Dos primeiros enlaces românticos até hoje, o ciúme muitas vezes apareceu atrelado a conceitos positivos, como zelo e proteção. A máxima de que “quem ama cuida” é comumente citada pelos ciumentos para justificar seus atos. “Porém, quando esse sentimento passa a ser um sofrimento muito grande, a ponto de prejudicar a vida daquele que o sente, ou a de seu parceiro, pode se tratar de um quadro de ciúme patológico”, alerta Almeida.
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"Ele a exibia como se fosse um troféu. Um objeto 
que ele poderia usufruir quando quisesse"

Alexandre Marcos (à dir.), pai de Babila, na foto ao lado 
da mulher, referindo-se ao marido da filha, Bruno César
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 PASSADO
Babila e Bruno com o filho: a relação sempre foi conflituosa
O retrato mais emblemático de ciúme doentio provém da literatura. No clássico “Otelo – O Mouro de Veneza”, de William Shakespeare (1564-1616), o general protagonista da história acredita piamente estar sendo traído por sua esposa, Desdêmona. Cego pelo ciúme e pela raiva, ele asfixia a mulher. Depois, no entanto, ao descobrir que ela não era adúltera, tira a própria vida com um punhal e antes de morrer ainda beija o corpo inerte de Desdêmona. A tragédia shakespeariana acabou por batizar a condição chamada de ciúme patológico, também conhecida como “síndrome de Otelo”. “Diferentemente do ciúme normal, o doentio não precisa de uma motivação. Ele pode surgir sem que algo desencadeie uma suspeita”, explica a psicanalista Tatiana Ades, autora dos livros “Hades: Homens Que Amam Demais” e “Escravas de Eros” (Editora Isis). De acordo com especialistas, há dois tipos mais comuns de ciúme (leia quadro na pág. 78). No ciúme normal, ou protecionista, o ciumento se sente ameaçado por alguma situação ou por um rival em potencial e quer proteger a relação ou a pessoa que ama. Já no doentio ou retaliador, o medo de perder o ser amado faz com que a pessoa aja de forma punitiva, sem considerar argumentos racionais. “O ciumento patológico acredita em seus próprios delírios e essa autoilusão, em casos extremos, pode levar a agressões ou até à morte”, diz Almeida. 

A combinação de amor, ciúme e tragédia, que sempre pontuou as crônicas policiais, também está presente em outro caso recente que mobilizou o País. Em 16 de junho, a policial federal Angelina Filgueiras, 42 anos, irmã da modelo Ângela Bismarchi, morreu com um tiro no peito durante uma discussão entre ela, o namorado, Jolmar Wagner Alves Milato, 40, e o ex-marido, o capitão reformado da Marinha Márcio Luiz Dias Fonseca, 48, que também faleceu. Segundo o advogado de defesa de Milato, o ex-marido de Angelina não aceitava o fim do casamento e teria feito ameaças a ela e a seu cliente, antes de entrar armado na casa dela naquela noite. Desesperada pela briga entre os dois, Angelina atirou em si mesma, e Milato, agindo, conforme alega, em legítima defesa, disparou três vezes contra Fonseca. Parentes da vítima disseram que o sentimento que Fonseca nutria por Angelina era doentio. “Quem sofre de ciúme patológico acaba se tornando uma marionete dos próprios sentimentos, mas a violência é um processo cumulativo”, explica Almeida. “Quando o cônjuge aceita uma reação violenta ou uma agressão psicológica do ciumento, acaba reforçando esse comportamento.”

A escalada de agressões verbais, psicológicas e físicas é bem conhecida da enfermeira Bernadete Segatto, 50 anos. Na semana passada, ela chegou à Primeira Delegacia de Defesa da Mulher, em São Paulo, munida com quase uma dezena de Boletins de Ocorrência (BO) contra o ex-namorado, Robert de Lima Fonseca, 48 anos. Os documentos relatam parte da história do casal, que começou há quase três anos e teve várias idas e vindas até o fim definitivo, em novembro do ano passado. Bernadete conta que Fonseca a agride desde o início do relacionamento. “Sempre que acontecia, eu terminava o namoro, mas ele ia atrás de mim e me ameaçava. Eu não voltava por amor, voltava por medo”, diz. Conforme relato da enfermeira, Fonseca a agrediu fisicamente várias vezes, a jogou de um carro em movimento, a prendeu em cárcere privado, a estuprou quando ela tentou terminar a relação e ameaçou os filhos dela, que hoje vivem com o pai por determinação do Ministério Público. Tudo por ciúme. “Enquanto eu estava com ele, era proibida de trabalhar, de fazer esportes, de qualquer coisa. Ele sempre me acusava de estar tendo um caso com alguém, fosse o professor da academia ou o pastor da igreja. Uma vez ele cortou meu cabelo para tentar me deixar mais feia”, diz.
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"Quando cheguei, mal abri a porta e ela veio com o ferro de passar quente
na minha direção. Me defendi, mas ela continuou a agressão verbal e física"

F., 40 anos, que se divorciou depois de um ataque de ciúme da mulher
No caso da bela modelo morta em São Paulo, o histórico de violência de Bruno contra Babila era antigo. Há três anos, a jovem ligou certa noite para a mãe, Rosana Marcos, dizendo que estava trancada no banheiro, pois Bruno a ameaçava com um revólver 38 em punho. O caso acabou no 35º DP (Jabaquara), onde a mulher desistiu de prestar queixa. O casal reatou após poucos meses de separação. Uma semana antes de ser assassinada, Babila revelou a familiares o desejo de se separar por conta do ciúme excessivo do marido, que engendrava uma rotina de brigas. “Ela apenas estava esperando passar o batizado e o aniversário do filho para tomar a decisão”, revela a mãe. Dias antes da tragédia, Bruno chegou a ameaçá-la dizendo que a mataria junto com o filho se ela o abandonasse. Na noite do crime, os policiais encontraram o carro da vítima, um Astra Wagon, na garagem, com os vidros abertos e a chave na ignição. Uma mala estava repleta de roupas da criança e ainda continha todos os documentos de Babila, que recebeu várias facadas nas costas, segundo apurou ISTOÉ. “É um erro da vítima subestimar as intenções do agressor. Em casos de violência doméstica, é mais do que necessária a intervenção policial”, afirma a delegada Lisandrea Zonzine Salvariego Colabuono, responsável pelo inquérito policial do caso e titular da 2ª Delegacia de Defesa da Mulher. Em metade dos casos de homicídio de mulheres havia denúncia de violência daquele agressor anteriormente, segundo o Mapa da Violência 2012.

Tanto homens quanto mulheres podem sofrer de ciúme patológico, porém são elas as vítimas mais frequentes de agressões de parceiros ciumentos. De acordo com a Pesquisa DataSenado 2011, em 27% dos casos de violência doméstica registrados no Brasil a agressão foi motivada pelo ciúme. No mesmo ano, em um levantamento do Instituto Avon, 48% das entrevistadas que declararam ter sido vítimas de violência grave disseram que esse sentimento de posse foi o fator responsável pela agressão. “Apesar de todos os avanços na questão dos direitos femininos, infelizmente vivemos em uma sociedade ainda muito machista, em que a mulher muitas vezes é vista como uma propriedade privada de seu namorado ou marido”, diz Tatiana Ades. “Por isso é mais difícil para os homens aceitar quando uma mulher quer terminar um relacionamento.” Isso não significa, contudo, que elas sejam menos ciumentas, e sim que o sentimento se manifesta de forma diferente. “Homens tendem a sentir mais ciúme sexual, enquanto as mulheres ficam mais enciumadas ao pensar que seus namorados ou maridos podem estar emocionalmente envolvidos com outra”, diz Almeida. “E as mulheres são mais sutis na hora de demonstrar ciúme”, diz Tatiana.

Hoje casada e mãe de uma filha de 4 anos, a relações-públicas M., que pediu para não ser identificada, chega a sorrir ao se lembrar do namorado por quem foi “loucamente apaixonada” aos 19 anos. Depois das brigas constantes, ela fazia plantão na portaria da casa do namorado e se jogava em frente ao carro dele para obrigá-lo a parar e conversar. Quando ele a deixava em casa depois de uma festa, imediatamente uma amiga era acionada para persegui-lo e, assim, descobrir se ele realmente foi para casa ou se iria se encontrar com “a outra”, a suposta amante que nunca foi flagrada. Essa relação complicada durou dois anos e terminou quando ela percebeu quanto ficava fora de si diante do namorado. “Foi um período conturbado, mas serviu de lição, aprendi o que não queria para a minha vida. A questão não é o tamanho do amor, mas sim a forma como o direcionamos”, avalia.
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"Sempre que ele me agredia, eu terminava o namoro, mas ele vinha atrás
de mim e me ameaçava. Eu não voltava por amor, voltava por medo"

Bernadete Segatto, 50 anos, que pede na Justiça medidas
protetivas contra o ex-namorado Robert de Lima Fonseca
O fato de a maior parte dos crimes motivados por ciúme ser cometida por homens pode ser explicado pela alta impulsividade deles, na opinião do psiquiatra forense Miguel Chalub. “Homens são mais agressivos e mais inseguros de sua performance sexual, o que os torna mais propensos a sofrer com o ciúme doentio”, diz Chalub. “Por isso, quando uma mulher agride ou mata o cônjuge por ciúme, a sociedade fica escandalizada.” O administrador de empresas F., 40 anos, que pediu para não ser identificado, sofreu na pele com uma ciumenta patológica. O namoro e o casamento foram tranquilos até que ele, em um novo emprego, começou a trabalhar até tarde da noite. “Era um tormento, ela dizia que eu tinha um caso com alguma mulher do trabalho e, com o tempo, isso foi crescendo. Ela criava situações na cabeça dela e acreditava naquelas fantasias todas”, conta. Enciumada, ela ligava para o ramal dele várias vezes ao dia para conferir se o marido realmente estava trabalhando. Até o dia em que ele não atendeu – já estava a caminho de casa. “Quando cheguei, mal abri a porta e ela veio com o ferro de passar quente na minha direção. Me defendi, mas ela continuou a agressão verbal e física. Para não perder a cabeça, saí de casa naquela noite.” No dia seguinte, outra surpresa. Todas as roupas, CDs e livros de F. estavam rasgados e quebrados em uma pilha no meio da sala. “Foi o estopim para o divórcio”, diz.

Paradoxal como grande parte dos sentimentos humanos, o ciúme em demasia também pode significar desejos ocultos da própria pessoa. “Muitas vezes aquele que sente ciúme exacerbado está projetando no parceiro algo que ele mesmo faz ou gostaria de fazer”, afirma a psicanalista Tatiana. “Já vi vários casos de homens ciumentos que eram eles próprios os infiéis.” Foi o que aconteceu com a escritora catarinense Vanessa de Oliveira, 37 anos. Há dois anos ela conheceu por meio de uma amiga aquele que parecia ser o grande amor de sua vida. “Ele era calmo, educado, gentil. Um príncipe encantado”, conta Vanessa. Durante os primeiros seis meses em que viveram juntos, tudo correu bem. Até que ele começou a revelar seu lado ciumento. “Ele me ligava o dia inteiro para saber onde eu estava e passou a me tratar mal por ciúme dos outros funcionários do shopping onde tínhamos uma loja”, diz. Um dia, Vanessa descobriu que, apesar de ser extremamente ciumento, o marido mantinha relacionamentos paralelos com diversas mulheres e até era casado legalmente nos Estados Unidos com outra brasileira. “Quando o confrontei com a verdade, ele me agrediu, quebrou minhas coisas, me expulsou de casa e até me ameaçou de morte.” A história de decepção rendeu o livro “Psicopatas do Coração” (Editora Matrix), lançado no início do ano. “Hoje estou recuperada, mas ainda me assusto quando vejo fotos da época em que vivia com ele. Eu parecia outra pessoa, até tinha mudado meu jeito de vestir em função dele”, diz.

Mesmo que nem todos os ciumentos excessivos sejam infiéis ou desejem ser, algumas características se repetem nos perfis daqueles que padecem dessa condição. Em comum, homens e mulheres que sofrem de ciúme patológico apresentam sinais de alta ansiedade, pouca tolerância à frustração e baixa autoestima. “A maioria carrega uma sensação de rejeição que vem da infância”, explica Tatiana Ades. Opinião compartilhada por Chalub. “Esse sentimento está ligado a transtornos de personalidade, especialmente entre os homens. Quando um homem não recebe afeto suficiente da mãe quando pequeno, as chances de ele se tornar um ciumento em excesso são grandes.” Outros distúrbios psicológicos, como paranoia e transtorno obsessivo compulsivo, também são geralmente associados ao ciúme em demasia. “O problema do ciumento patológico é com ele próprio, e não com seu parceiro ou parceira”, diz Tatiana.
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SUICÍDIO
A policial federal Angelina Filgueiras se matou diante de uma discussão entre o namorado,
Jolmar Milato, e o ex-marido Márcio Luiz Fonseca (na foto com ela), que não aceitava o fim do casamento
A boa notícia é que existem grupos que podem ajudar essas pessoas a controlar o sentimento. O Mada (Mulheres Que Amam Demais Anônimas), que existe há 18 anos no Brasil, acolhe mulheres que se encontram em relações destrutivas. “Ter ciúme é uma característica comum de todas nós, mas apenas algumas apresentam um quadro de ciúme patológico”, diz uma integrante do grupo. Seguindo uma versão adaptada dos 12 passos do grupo Alcoólicos Anônimos (AA), as mulheres do Mada, que possui mais de 30 pontos de encontro pelo País, procuram evitar os comportamentos destrutivos, um dia de cada vez. “Através do depoimento das outras mulheres, consigo aprender algo sobre mim mesma e manter sob controle meus sentimentos.” A mesma filosofia move o grupo de apoio aos ciumentos patológicos do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo. O serviço é gratuito e destinado a homens e mulheres. “O objetivo é melhorar a autoestima e ajudar a controlar o comportamento de ciúme daqueles que buscam ajuda”, explica Mônica Zilberman, coordenadora do projeto. “Não falamos em ‘cura’ até porque não se trata de uma doença em si, mas de um sintoma que pode estar exacerbado até em pessoas sem transtorno psiquiátrico.” 

No caso de Babila, tal qual Otelo, Bruno buscou no suicídio a forma de lidar com sua culpa. Cortou os pulsos e o pescoço, mas não obteve sucesso porque o irmão adolescente, que morava com o casal, chegou minutos depois do assassinato da jovem. Até a sexta-feira 13, Bruno continuava internado em estado grave no Hospital Saboya, no Jabaquara, sob escolta policial. “O amor dos dois era doentio, obsessivo. Ambos eram muito ciumentos. Mas ninguém esperava que fosse acabar assim”, diz um amigo do casal. Como disse o poeta espanhol Lope de Vega (1562-1635), “não existe glória maior do que o amor, tampouco castigo maior do que o ciúme”.
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PERIGO
O ciumento patológico acredita em seus delírios e isso pode
levar a agressões ou até à morte, diz o psicólogo Thiago de Almeida
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Fotos: Marco Ankosqui; reprodução; PEDRO DIAS; João Castellano/Ag. Istoé; Reprodução/internet; Divulgação